Entrevista Açoriano Oriental
Miguel Arruda – Candidato à Câmara Municipal de Nordeste
1 – Porque aceitou ser candidato à presidência da câmara?
Recebi o convite do Sr. Deputado José Pacheco, pessoa que mais admiro e respeito na política regional, que é quem, na Assembleia Legislativa Regional dos Açores, diz o que o povo açoriano pensa, mas que, como não é politicamente correcto e não está na moda ser de Direita, não tem coragem de dizer. Por isso mesmo, e porque quero assumir um papel de igual forma de dar voz aos Nordestenses que não podem, senão são crucificados, respondi de imediato afirmativamente ao seu convite.
As raízes nordestenses falaram muito alto e julgo que o partido Chega, do qual sou militante, pode ser uma mais-valia junto do Governo actual da Câmara Municipal de Nordeste.
É imperioso uma visão “Chega” na gestão de todas as questões afectas à Câmara Municipal do Nordeste.
Vejo a minha candidatura como uma “lufada de ar fresco” após anos de influência socialista, que apesar de não fazer parte da Presidência, mantinha a autarquia sempre sob pressão e ataque. O Chega assume-se, assim, como a única oposição construtiva ao actual executivo, para que este possa assumir, finalmente, uma governação que se adeque à população nordestense e não ao Governo Socialista, seus servidores e tachos.
2 – Quais os principais desafios e problemas que o município enfrenta atualmente?
O sobre envidamento deixado por anteriores executivos dificultam a tomada das melhores soluções para a população nordestense.
É necessário renegociar a dívida camarária pois em casa onde não há pão todos brigam e ninguém tem razão.
É preciso criar condições para que os jovens venham morar e trabalhar no Nordeste, pois, como temos assistido, de censo para censo a população diminui. É preciso fazer do Nordeste um concelho apelativo e não apenas para passear, mas sim para se viver e trabalhar todos os dias do ano.
3 – Quais serão as suas principais prioridades e propostas para responder a estes desafios?
Desde logo, aumentar a fiscalização aos beneficiários do Rendimento Social de Inserção e outros apoios sociais monetários das diferentes vertentes municipais. Temos que lutar para que as verbas públicas sejam distribuídas pelos que realmente necessitam e não pelos malandros e aldrabões que querem enriquecer à custa dos trabalhadores do Nordeste, que pagam os seus impostos mensalmente e muitas vezes não têm o suficiente para alimentar os filhos. É ir aos cafés todos do Nordeste e ver esses mesmos malandros a alimentar os seus vícios, e nós todos a pagar por eles. É preciso acabar com a malandragem e a trafulhice.
É importante ainda criar políticas que dêem mais apoios às empresas locais, para aumentar o emprego e, assim, aliciar a população jovem a vir morar definitivamente no Concelho de Nordeste e não ser apenas um “dormitório” ou “sitio de passar Verão” com pais e avós.
Neste cenário de pandemia, o Nordeste foi extremamente prejudicado pelo facto de haver “viagens” entre concelhos. Quero dar, desde já, os pêsames a todas as famílias que perderam membros para o Covid-19.
É preciso também criar condições para os pais que trabalham e que não têm com quem deixar os filhos para que nas escolas e creches tenham sempre vaga e sejam prioritários. O que se assiste, lamentavelmente, é que muitos dos beneficiários do RSI, que, teoricamente, estão em casa, pois não “conseguem” arranjar emprego, dizem alguns, acabam por preencher as vagas disponíveis em escolas e creches, enquanto muitas famílias que trabalham e saem de casa todos os dias para poderem sustentar a família vêem-se a braços com o problema de não terem onde deixar os filhos. Por este motivo, defendo que é imperativa a fiscalização e até me atrevo a dizer, criar um policiamento a quem recebe estes mesmos Rendimentos Mínimos, aplicando coimas a quem estiver em incumprimento;
Por outro lado, a minha candidatura quer ainda apostar no desporto local, considerando que poderá ser uma forma a combater o consumo de drogas pelos jovens do concelho e, ao mesmo tempo, promovendo a prática de hábitos de vida saudável.
4 – Em matéria de política fiscal o tem a propor aos munícipes?
A cessação imediata da cobrança de IMI, assim como restantes taxas e taxinhas que afastam os contribuintes singulares e colectivos, de modo a fixar empresas e moradores permanentes no Concelho.
5 – Nas áreas económica e social, que intervenção deve ter a autarquia, na sua opinião?
Tendo em conta o envelhecimento da população é necessário uma política direccionada para os cuidados continuados e geriátricos.
Para tal é necessário criar postos de trabalho com programas de formação específica na área.
É necessário reforçar/apoiar a oferta da Santa Casa da Misericórdia, de modo a que nenhum idoso no Nordeste se sinta sozinho, criando, se necessário, Centros de Dia nas diferentes freguesias, dinamizados por pessoal especializado, que novamente, poderá receber formação específica por programas governamentais.
A meu ver, os dois graves problemas que existem no Nordeste é a falta de companhia aos idosos e as falhas nas vagas nas creches. Posso estar a ser utópico, mas o Concelho de Nordeste poderia ser pioneiro no conceito de Educação Intergeracional. Que passo a explicar: O conceito de educação intergeracional visa trabalhar o acolhimento e o desenvolvimento de crianças e idosos em um mesmo espaço a partir de diversas actividades como dança, culinária, leitura, etc.
A ideia nasceu nos anos 70, no Japão, mas foi no último ano que se espalhou mais fortemente pela Itália. O contacto entre as duas gerações tem sido uma grande descoberta.
Estudos realizados já mostraram que os idosos se tornam muito mais activos quando seguem esse padrão de acolhimento, se compararmos com os moldes tradicionais de lares para a terceira idade.
Já as crianças desenvolvem mais alguns sentidos, como a paciência e a relação mais afectuosa com outras gerações.
Partindo deste pressuposto e já com provas dadas da eficácia do conceito de Educação Intergeracional estou certo de que o concelho do Nordeste só ficaria a ganhar com uma medida do género. Seria algo que mexeria com vários sectores da sociedade. Estaríamos a criar mais postos de trabalho, a desenvolver a economia local e, o mais importante de tudo, a deixar as pessoas felizes e a terem uma vida mais digna.
6 – Em termos urbanísticos, o que é mais urgente solucionar e como?
Vamos ter em conta que o Concelho de Nordeste não é um centro urbano, é um Concelho que se subsiste principalmente da agropecuária, mas com um franco crescimento em termos de Turismo Rural e de Alojamento local, devido às suas belas paisagens naturais, contacto com a natureza e animais, produtos da terra, pontos turísticos de lazer e eventos culturais. Assim, temos de ver o Nordeste mais como um centro Rural que Urbano e criar políticas de apoio à Agropecuária, Turismo e todas as áreas envolvidas, como a restauração, alojamentos, paisagística e organização de eventos.
O Concelho do Nordeste já foi considerado o Concelho mais florido da Europa, perdeu esse título, assim como todos os que tinha de qualidade, ao longo de poucos anos. É urgente recuperar esses títulos de qualidade para que mais pessoas queiram visitar e habitar em Nordeste.
7 – Como pretende articular a sua relação com o Governo Regional e em que áreas/projectos espera a cooperação do executivo açoriano?
Enquanto autarca serei muito exigente com o executivo açoriano. Pretendo colaborar com o executivo de forma a acabar com os apoios fraudulentos do Governo Regional em todas as áreas, desde o RSI como apoios de empresas sem resultados positivos para o concelho.
Numa outra vertente, e sendo que há um crescente problema de tráfico de drogas e crimes associados a este problema, também, social, e tendo em conta que no concelho do Nordeste existe falta de policiamento, pretendo articular com o Executivo Regional formas de resolução desta situação, para que se aumente o número de efectivos da PSP e melhorar as suas condições de trabalho. É ridículo nos turnos nocturnos, o concelho do Nordeste ter apenas um único polícia de serviço. Se este precisar de reforços, quem o socorre??
Uma das apostas do Governo Regional também neste cenário de pandemia é o Turismo para a dinamização das ilhas dos Açores e, indo ao encontro dos objetivos do Chega de aumentar os postos de trabalho na Região, de forma a acabar com o RSI e a subsidiodependência, pretendo, junto com o Executivo, criar estratégias de melhoria das condições das empresas da área do turismo e adjacentes e das zonas de lazer e turismo do Concelho.
Outra questão a que estarei atendo prende-se com o um decréscimo nos apoios aos nossos agricultores, o que, por sua vez, faz com que este sector de actividade esteja a perder pessoas. Por isso, e uma vez que o concelho de Nordeste é também um concelho de agricultores, espero ser a voz dos agricultores junto do executivo, transmitindo as preocupações da agropecuária. Faltam mais apoios, devidamente fiscalizados, aos nossos agricultores, para que possam investir e aumentar a produção dos produtos da terra.
8 – O que é que o distingue dos seus adversários políticos?
Venho e apresento-me como um cidadão com uma visão de simples contribuinte. Não tenho nada a esconder nem medo de trabalhar, por isso venho com as mangas arregaçadas, sozinho ou com quem queira um concelho muito diferente e melhor do que o que existe neste dia.
Sou de um partido que não é melhor nem pior que os restantes, mas sim diferente. Vou trazer as bandeiras do Chega para o Nordeste, doa a quem doer. Bandeiras estas que dizem: chega de politiquices que só beneficiam quem está na presidência, chega de corrupção e desvios para o bolso, chega de impostos absurdos e principalmente, chega de malandragem.
Vamos fazer do Nordeste um Nordeste melhor!