Francisco César está impaciente. Neste arquipélago, em que são poucos os que dão a cara sem nada em troca, é difícil ser oposição. Só imaginar o “caminho das pedras” que o senhor seu pai, Carlos César, fez até chegar ao poder dá-lhe certamente arrepios. Já não tem idade, nem pachorra para isso, agora os tempos são outros e a juventude já não se esforça tanto a trabalhar, é que trabalhar faz calos nas mãos.
Havia que encontrar outro caminho, nem que fosse às cavalitas dos seus inimigos políticos, neste caso do PSD (coligado com os seus dois apêndices).
Ao mostrar-se esta semana disponível para aprovar o orçamento da coligação nos Açores, o PS de Francisco César quer governar a partir da secretaria e tomar o poder que não teve nas urnas. As suas 11 medidas para aprovar o orçamento, seriam uma espécie de “governação sombra” , um “presente envenenado” para a coligação, lançando uma “armadilha infantil” ao governo de José Manuel Bolieiro.
Qual foi a estratégia encontrada por esta(s) mente(s) iluminada(s): agitar o “papão” do CHEGA e da extrema-direita (um “chão que já deu uvas” a António Costa) para fazer refém o PSD/coligação, tal como está a tentar fazer a nível nacional o seu camarada Pedro Nuno Santos, criando assim um governo a prazo; mas neste caso, o PS é quem colocaria o prazo de validade. Logo que as sondagens fossem favoráveis a Francisco César, tirava o tapete a Bolieiro, alegando “incumprimento” das tais medidas (as mesmas que o PS não cumpriu em 24 anos) e teríamos o regresso em grande da Família César ao poder nos Açores.
Apesar dos açorianos já terem dito duas vezes nas urnas que não querem o PS a governar os Açores, o desespero do PS e o “saudosismo” das 5 maiorias absolutas é tanto, que qualquer coisa serve, desde que seja uma alternativa a longa travessia do deserto.
É lamentável que o PS nos Açores se tenha autopromovido à categoria de oposição ao CHEGA, já que não tem autoridade política para ser oposição à coligação por carregar o enorme fardo de 24 anos de má governação e ter deixado os Açores num pântano económico e social, com empresas públicas falidas, milhares de “empregos” virtuais e ter alimentado o clientelismo até à náusea.
Francisco César acusa o CHEGA de “populista e reaccionário” sem apresentar uma única prova das suas acusações falaciosas. Bem sabemos que o PS não se identifica com o CHEGA, e ainda bem.
Mas o que incomoda mesmo Francisco César é o combate que o CHEGA faz à corrupção e ao compadrio, o aumento do cheque pequenino, o combate as pragas, em vez de as subsidiar, a prioridade nas creches para quem trabalha, a crítica ao proibicionismo e à burocracia, o combate à subsiodependência e centenas de outras coisas que constam no programa eleitoral do CHEGA.
Mas o que mais dói a Francisco César é pôr o pessoal do RSI a trabalhar, pois o CHEGA quer acabar com milhares de eleitores socialistas que se habituaram a viver à custa dos outros, tendo apenas como única obrigação votar no PS.
Um conselho de um não político profissional a Francisco César: cresce, mostra serviço e depois aparece. Foi assim que seu pai, Carlos César fez, quer se goste quer não.
Não vale a pena tentares dar um passo de capote a José Manuel Bolieiro. Bem sei que ele, por vezes, tem aquela cara de “seminarista” e algo inocente. Mas temo, para tua desgraça, que mesmo com um olho fechado e outro aberto, José Manuel Bolieiro vê bem mais que tu e até que o seu líder Luis Montenegro a quem não vou fazer aqui comentários para não encher mais páginas.
Haja Vergonha!
Francisco Lima
Deputado e Vice-presidente do CHEGA Açores