BULLYING POLÍTICO

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Consta do art. 13.º da Constituição da República Portuguesa, como Direito Fundamental e sob a epígrafe “Princípio da Igualdade”, o seguinte:
1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.
2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.
O Princípio da Igualdade norteia todo o nosso sistema jurídico e a própria administração pública, sendo um corolário de tudo aquilo em que Portugal acredita.
Assim sendo, como se encontra justificação para a perseguição política que alguns patrões, directores, chefes e até mesmo colegas de trabalho têm exercido sobre alguns militantes e/ou simpatizantes do CHEGA?
Que tipo de Princípio da Igualdade é este que toda a gente coloca em prática apenas e tão só quando lhe é conveniente?
Não importa se és católico, ateu, muçulmano ou de qualquer outra religião, o respeito tem sempre de existir.
Se fores do Santa Clara, do Benfica, do Sporting, do Porto ou de qualquer outro clube também tenho de respeitar!
Se fores gay, bissexual, trans, hétero, etc., tenho de respeitar! Só assim tudo faz sentido!
Se fores do PS, PSD, CDS, PCP, BE, entre outros, também tenho de respeitar!
Mas, e se fores do CHEGA?
Já é justificável deixar de ter o respeito pela diferença, se essa diferença for mais ou menos censurável para o interlocutor?
Obviamente que a resposta é negativa.
O respeito é universal e deve ser atribuído a todo e qualquer interveniente, não só em nome do Princípio da Igualdade, como em nome do Princípio da Liberdade Política que desde 25 de Abril de 1974 foi conquistada por todos nós.
E não é por tentarem pintar um quadro dantesco do CHEGA e dos seus militantes, retratados como pessoas sem escrúpulos, sem dignidade, e que não merecem consideração ou apreço de ninguém, ou por retratarem TODOS os militantes e/ou simpatizantes do CHEGA e respectivos líderes como psicopatas, assassinos, criminosos, racistas, xenófobos e homofóbicos, que nos vão fazer calar. NÃO NOS CALARÃO!!!!

Porquanto, de facto, percebo que o CHEGA esteja a incomodar, e muito, principalmente àqueles que, durante anos, nunca tiveram uma oposição a sério; àqueles que nunca foram colocados em causa ou o seu trabalho e que, sentados nas suas confortáveis cadeiras, nos vários gabinetes, nunca tiveram quem lhes chamasse a atenção para a injustiça, para o sistema podre que “compra” a sociedade de todas as formas e mais alguma.
Mas incomodar não é justificação para o bullying político lamentável que tem sido perpetrado, em muitos locais de trabalho, aos militantes e/ou simpatizantes do CHEGA.
Ser do CHEGA, como qualquer opção individual, tem respaldo nas liberdades que nos são concedidas, e na beleza que é viver em democracia e liberdade, onde cada um pode escolher o seu partido político sem sofrer quaisquer consequências negativas.
O contrário, o bullying político e generalizado que tantas vezes sentimos, é o reflexo desta sociedade doente, que não consente a diferença e não vê para além do sistema, quando o espetro da liberdade ainda tem todas as cores.
Meus senhores e minhas senhoras, antes de desrespeitarem os outros, respeitemo-nos todos a nós próprios, permitindo exercer a Constituição da República Portuguesa em toda a sua plenitude, não nos servindo de falácias e maldizer, mas sim colocando aquilo que realmente importa em primeiro lugar – a liberdade de cada um.

Olivéria Santos
16 de Junho 2023