O Arco da Podridão!

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A democracia é “o regime político em que os cidadãos no aspeto dos direitos políticos participam igualmente — diretamente ou através de representantes eleitos — na proposta, no desenvolvimento e na criação de leis, exercendo o poder da governação através do sufrágio universal. “ ( Fonte : Wikipédia ).
No entanto, ao longo dos tempos, o que se tem verificado é que o povo cada vez vai menos às urnas para votar pois sente que é indiferente quem ganha eleições pois o seu poder é cada vez mais “desvanecido”. É cada vez mais clara a razão porque isso vem acontecendo e de certeza absoluta não será por falta de interesse do povo em ver os seus problemas resolvidos.
Após as eleições, vai para o parlamento um conjunto de deputados que em larga maioria nunca trabalharam na vida (político-dependentes – a variante política do RSI), e estão completamente reféns das máquinas partidárias e do respetivo líder a quem lhe prestam vassalagem, líder esse que muitas vezes se perpetua no poder através de “golpes palacianos” e “jogos de poder” que envolvem uma imensa teia de interesses instalados incluindo manipulação de militantes, pagamento de quotas de militantes, angariação de militantes através de promessa de tachos políticos e emprego de familiares, ou usando cargos governativos para dar a ideia que, sendo militante do partido do poder, fica com livre trânsito para aceder às benesses do Estado – até um projeto que se encontra na gaveta dos fundos a criar bolor há uns meses serve de mote a esta técnica de manipulação de pessoas.
Como já quase ninguém milita nestes partidos do chamado “arco da governação”, melhor dizendo, “arco da podridão” , por ideologia ou por querer melhorar a vida coletiva, ou mesmo mudar o que quer que seja além da sua conta bancária, este banquete de cargos, tachos e negociatas é o único cimento que mantém essa gente minimamente ativa, pelo menos nas campanhas eleitorais, para ir enchendo listas, participar numas “arruadas” e acompanhar o líder para que o mesmo apareça com alguém à sua volta.
Nos partidos do “arco da podridão”, de vez enquanto até se colocam nas listas algumas pessoas credíveis da sociedade civil (com profissão), que rapidamente são rebaixados à categoria “verbos de encher”. Esta aparência de que se está a “refrescar“ alguma coisa torna-se necessária em nome duma suposta “renovação“, “abertura à sociedade civil“ etc.. Claro que nas eleições seguintes estas cabeças rolam todas, mas os políticos profissionais lá continuam – pois aliás a sua profissão é serem políticos, não sabem fazer outra coisa. Alguns licenciaram-se ou frequentaram cursos de “ciência política“ ou frequentaram aquelas universidades mais manhosas onde se fica doutor sem nunca pôr lá os pés e sem saber patavina de nada, mas quase todos nunca frequentaram a “universidade da vida“ , aquela onde é preciso trabalhar no duro e fazer qualquer coisa de útil para sobreviver.
Este sistema podre e corrupto lá se vai mantendo, perpetuando líderes e dirigentes partidários sem escrúplos, através da distribuição de benesses, castigando os críticos internos através de “purgas“ e perseguições, por vezes até com calúnias da vida pessoal, e vai premiando os subservientes e mantendo à volta do líder uma enorme massa acéfala de gente que acaba por ser muito importante para o líder poder “brilhar“ nessa imensa escuridão de gente incompetente e ofuscar um pouco a sua também já normal incompetência .
A ideia subjacente a esta estratégia de “terra queimada“ é os lideres partidários terem à sua volta apenas gente incompetente, para não fazerem sombra ao líder e para que o líder sendo ele incompetente, ou na linguagem popular “muito fraquinho“ ainda assim possa brilhar. É também esta a realidade que vemos por aqui nos Açores e é esta a realidade que afasta o povo das urnas. A reportagem da SIC e o caso “Tutti Frutti“ apenas veio pôr a nu aquilo que toda a gente já sabia sobre o funcionamento dos partidos do “arco da podridão“.
Terminadas as eleições, esta gente impreparada, incompetente e acéfala, lá vai para o parlamento ou para o governo, mas acabam por não ter poder, autoridade moral e conhecimento técnico para mudar o que quer que seja. A própria administração pública e toda a máquina do estado (empresas públicas – um festim) que, diga-se de passagem, é mais vista como uma “coutada” para lá colocar mais apaniguadas, familiares e pagar favores políticos e tornar os próprios dirigentes da administração absolutamente reféns e subservientes ao sistema; por vezes até essa máquina serve para pagar outros interesses obscuros e é normal a troca de favores – a minha mulher vai para o teu gabinete e o teu irmão vai para meu assessor.
Desta forma se colocam os amigos e parentes em “recibos verdes“ para ganharem “experiência profissional“. Depois fazem-se concursos públicos à medida para legitimar essas escolhas, ou então, em vésperas de eleições integra-se nos quadros toda a gente sem qualquer concurso e “compra-se“ assim uns milhares de votos. Se estas pessoas vão fazer alguma coisa em concreto, têm meios para trabalhar, se precisam de formação, se até vão ser bem pagas, nada disto interessa.
Temos de sair deste ciclo vicioso e quebrar este “arco da podridão“!