No início de Setembro deste ano, ao largo das ilhas das Flores e do Corvo, começaram a ser encontrados, à tona da água ou a dar à costa, exemplares de meros (Epinephelus marginatus), que estavam mortos ou que exibiam comportamentos estranhos como a dificuldade em mergulhar. A Direcção Regional das Pescas, em conjunto com o IPMA e a OKEANOS, ao que parece, fez a recolha de algumas amostras destes peixes para análise.
Até aqui, tudo parecia seguir os trâmites apropriados à situação. Uma das primeiras notícias que apareceram nos media foram: “Mortalidade Meros: IPMA detectou grande quantidade de parasitas nos peixes”. Tudo indicava tratar-se de uma qualquer nova doença, ou de uma doença existente que elevou o seu grau de patogenicidade, fazendo lembrar o que aconteceu com os coelhos aqui há uns anos. No entanto, os resultados oficiais ainda são desconhecidos do público.
À medida que o tempo passava e por falta de uma explicação científica de quem a deve, rapidamente os fanáticos do clima encontraram um terreno fértil para promover as suas agendas. Da noite para o dia, começaram a surgir notícias que, em vez de se basearem em factos científicos concretos, surfaram a onda do pânico climático, esquecendo os parasitas e passando a incluir “novos factos”: “Meros à superfície: OKEANOS justifica com alterações climáticas” ou “Cientistas apontam aquecimento do mar para a morte de peixes nos Açores”. Estes títulos sensacionalistas só têm como objectivo promover a desinformação e instalar o pânico, para que o público aceite sem questionar as agendas radicais que nos querem impor.
Há que ter o cuidado de não misturar o fio da meada com a meada de fio! Os meros, têm uma distribuição geográfica bastante extensa, desde o sul do Brasil, passando pelos Açores, Portugal continental, Mar Mediterrâneo e até África do Sul, habitando em profundidades entre os 10 e os 200 metros, o que demonstra a sua capacidade de tolerar uma vasta gama de temperaturas, pelo que até as supostas alterações climáticas, mesmo que existissem no grau que nos querem fazer crer, não iriam afectar os meros.
Outro facto é que o mero habita em habitats com temperaturas superiores à dos Açores e em águas muito mais poluídas do que as nossas, como o Mar Mediterrâneo, reconhecido como um dos mais poluídos do mundo em relação a microplásticos e metais pesados, conforme vem explícito no relatório de Julho de 2024, do World Wide Fund for Nature (WWF). Assim sendo, certamente não iriam aparecer mortos nas Flores onde praticamente não existem indústrias poluidoras, mas um vasto oceano azul e cristalino.
Apesar de nas evidências iniciais se tratar de parasitas, os títulos subsequentes que começaram a aparecer nas redes sociais e outros meios de comunicação foram introduzidos de forma não inocente. Rapidamente os vendilhões de notícias e promotores do pânico climático adoptaram, sem qualquer escrúpulo, uma linguagem redonda e falaciosa com termos como “Poderá estar relacionado” ou “Apontam para” desviando a atenção dos factos concretos e direccionando o foco do problema exclusivamente para as alterações climáticas.
Os problemas decorrentes das alterações climáticas, por mais que mereçam a nossa preocupação, não podem ser usados como argumentos para justificar todos os males do mundo. Muitos desses fanáticos das alterações climáticas vivem em “estado de negação”, numa realidade invertida. Enquanto acusam os outros de não verem ou não acreditarem nas alterações climáticas, não têm qualquer pudor em usarem a mentira e a manipulação como armas de propaganda das suas ideologias radicais. Pelos vistos, para eles, os fins justificam os meios e quando a causa é nobre, tudo se permite, tudo se tolera, tudo se desculpa!
O CHEGA não pode aceitar este aproveitamento indevido de uma desgraça para fazer política suja e promover o radicalismo ambiental. Por isso, o grupo parlamentar vai pedir ao Governo Regional dos Açores que esclareça o que realmente está a acontecer e torne públicas as conclusões a que chegaram. Temos instituições que recebem anualmente milhões de euros dos nossos impostos para investigar e informar com seriedade, porém o que os açorianos têm recebido pelas entidades oficiais são informações vagas e equívocas.
Tenham coragem de dizer a verdade aos Açorianos!
José Paulo Sousa
Deputado CHEGA Açores