À semelhança das convenções pré-nupciais, as coligações pré-eleitorais dos partidos ditos de direita em Portugal, e nos Açores em particular, tem como objectivo principal contornar os enviesamentos decorrentes da aplicação do método e Hondt. E também servem para acertar os tachos (a EDA faz parte desse pacote), passando a ideia de união e estabelecer as tais linhas vermelhas, azuis ou de cor de burra a fugir como diz o povo ao CHEGA. Nalguns casos, como é o caso da coligação nos Açores PPM/CDS e…PSD, esta mais parece um casamento de conveniência, em que duas sogras que se odeiam, em nome da manutenção da herança (leia-se tachos) na família neste caso em concreto em nome da manutenção das tais benesses, do poder e da vaidade, aceitam colocar os seus ódios e traições temporariamente de parte em nome desses supremos interesses pouco democráticos.
Contudo, não se deixam de odiar, nem sequer conseguem disfarçar o incómodo que causa este casamento de conveniência. Mas é um mal necessário pois do outro lado da barricada há quem esteja à espera desse divórcio para fazer uma geringonça tipo Frankstein à esquerda que integre o PPM/CDS e…PS. Aliás mão é nada que surpreenda pois a medida mais emblemática do CDS, o COMPAMID, foi aprovada pelo…PS e o fundador do CDS, Freitas do Amaral, foi ministro dos negócios estrageiros de… José Sócrates, o mais conhecido dos socialistas.
O CHEGA nunca aceitaria participar desses arranjinhos e muito menos andar à boleia de outros partidos, tipo carraça, ou para servir de bengala rejeitada do PSD. A força do CHEGA vai estar na força dos votos – a isto chama-se democracia. A força dos partidos não está no ruido nem nas páginas que se enchem nos jornais amigos nem nos comentadores avençados que falam bem do CDS, mas nessa coisa horrível para alguns partidos, como o CDS, que são os eleitores.
A estratégia do CHEGA está a dar resultados e a “procissão ainda vai no adro da igreja”. Quando um líder do CDS escreve duas páginas no Diário Insular a insultar o Presidente e o vice-presidente do CHEGA Açores, escrevendo 20 vezes a palavra CHEGA nesse artigo, isso é bastante revelador do incómodo que o CDS tem para com o CHEGA. Continuamos a receber diariamente gente do CDS, diga-se de passagem gente boa, que já não se identifica com esse partido que no passado defendia os agricultores, depois o contribuinte, depois os reformados e agora, pelos vistos, defende a distribuição de tachos e panelas a todos os militantes e simpatizantes na ânsia de fixar eleitorado, Infelizmente há poucas empresas como a EDA que possa pagar ordenados principescos a ex-políticos – ao preço que cobra a electricidade também não é difícil.
E sobre a narrativa da falta de quadros no CHEGA que o CDS repete até à náusea, uma coisa podem ter a certeza do perfil de quadros que não queremos ter no CHEGA: caciques, lacaios e políticos à procura de tachos; O perfil que queremos é de gente séria e competente para trabalhar, mesmo que seja independente dos partidos ou até de outros partidos. Nós não vivemos numa partidocracia em que os partidos através de uma rede de interesses obscuros (para não dizer ilegais) capturam os altos cargos da administração pública desde o Director Regional ao porteiro com concursos públicos feitos à medida, para não falar nos amigos, nos familiares, no gato no cão e no periquito que entram pela porta do cavalo na administração pública regional, ao ponto de não haver já gente para trabalhar na privada.
E sim, não queremos ter Directores (as) Regionais incompetentes, ex-empregados de mesa e bar como vogais do Conselho de administração de Institutos Públicos ou empresários falidos a gerir a coisa pública. Também não queremos nomear administradores para a EDA – já há lá gente com competência bastante. Para a Secretaria do Ambiente e das Alterações Climáticas é bastante mais fácil: o CHEGA propõe extinguir essa secretaria e integra-la na Secretaria da Agricultura, de onde nunca deveria ter saído. Sem agricultores não há ambiente que nos valha, apesar do sonho dos ambientalistas simplórios seja o de acabar com as vacas porque arrotam muito. Sobre as alterações climáticas falem primeiro com os Chineses, os Indianos, os Americanos e os outros grandes poluidores do mundo e só depois se dediquem a perseguir esta meia dúzia de gatas pintados espalhadas por estas 9 ilhas. Nós no CHEGA não vamos dar colinho a essas agendas climáticas radicais, por muito jeito que dê a entrega de carros eléctricos com baterias de lítio – o mesmo lítio que em Portugal entalou o Galamba. Estamos certos que acabando com a Secretaria Regional do Ambiente e integrando-a na Agricultura, vamos ter menos um tacho político além de se par com o arrancamento ridículo e ideológico das hortênsias. Vamos sim arrancar a Roca de Velha, a fona de porca e a Figueira-do-inferno dos caminhos agrícolas e vamos replantar as hortênsias na recta da achada de onde foram miseravelmente arrancadas.
Aproveito para agradecer publicamente aos dirigentes do CDS por falarem do CHEGA e ocuparem páginas inteiras do jornal. Não esperávamos esta publicidade gratuita vinda dos nossos adversários.
Agora se o CDS é rotulado de partido moribundo não é o CHEGA que o diz são os eleitores que nas últimas legislativas o disseram, ao não eleger qualquer deputado para a Assembleia da República; são todas as sondagens; são os milhares de ex-militantes do CDS que debandaram para outros partidos (incluindo o CHEGA); são os comentadores – e seria o voto popular não fosse o PSD ter dado a mão ao CDS, provavelmente com enorme sacrifício eleitoral (como se viu nas recentes eleições na Madeira).
Esticar o pernil é mesmo isso: estrebuchar, lutar contra a ordem natural das coisas, neste caso contra a morte mais que anunciada do CDS que só existe no papel ou à custa de arranjos políticos!
Francisco Lima
Vice-presidente do CHEGA Açores