O deputado José Pacheco questionou ontem dois antigos Presidentes do Conselho de Administração da SATA – na Comissão Parlamentar de Inquérito à Gestão do Grupo SATA – no sentido de aferir interferências do principal accionista da companhia aérea (o Governo Regional) nas decisões tomadas durante os respectivos mandatos.
Questionando António Luís Teixeira, que esteve na Presidência da SATA entre 2018 e 2019, acerca de ingerências do Governo Regional na sua actuação, o mesmo respondeu não ter havido pressões do executivo, mas sim de partidos, da comunicação social, de sindicatos e do povo em geral.
José Pacheco questionou acerca da decisão de adquirir o A330 (“Cachalote”), que “parado era mais barato do que a voar”, António Luís Teixeira reconheceu ter sido uma “aquisição mal pensada e mal projectada”, concluindo a sua administração que a aeronave “não se adequava” à operação da Azores Airlines.
O deputado do CHEGA questionou ainda o que falhou, entre 2018 e 2019, para não haver melhorias financeiras na companhia aérea. “O que falhou é o que tem falhado até hoje. A incapacidade das administrações do grupo SATA conseguirem alcançar os seus objectivos de forma sistemática”, foi a resposta.
Também a Paulo Meneses, que foi Presidente da companhia aérea entre 2015 e 2018, José Pacheco questionou se houve pressão do Governo Regional para manter rotas e aquisições da nova frota, nomeadamente o “cachalote”. Paulo Meneses garantiu que “não houve interferência nenhuma nas rotas”, explicando que foi pedida a uma empresa externa uma avaliação de rotas e um novo mapa de rotas, que desenhou as novas rotas “em função do mercado, da procura, da viabilidade”.
José Pacheco considerou, contudo, “acho muito estranho uma companhia aérea continuar a apostar em rotas deficitárias, sem haver pressão para tal”.
O parlamentar questionou ainda Paulo Meneses – que na tomada de posse considerou o maior desafio alcançar a estabilidade da SATA – sobre o que correu mal para não ter conseguido os seus objectivos. O antigo Presidente do Conselho de Administração lembrou que 2016 até foi um ano relativamente satisfatório para a SATA, mas em 2017 “houve um descalabro” referindo-se a dois acidentes graves com aeronaves em Boston, três greves e milhões em reparações. “2017 foi um ano atípico”, referiu ao acrescentar que em 2018 tentou implementar “o mais rapidamente possível” medidas que tinham em carteira para recuperar a empresa, mas não foi possível.
Ponta Delgada, 24 de Outubro de 2023
CHEGA I Comunicação