TURISMO DE CRUZEIROS NÃO TEM GRANDE RETORNO, MAS PODE VIR A SER PREOCUPANTE

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O CHEGA absteve-se hoje na votação da eco-taxa turística, apresentada pelo PAN, por considerar que é necessário prevenir um turismo de cruzeiros em massa que, por enquanto, não considera preocupante na Região.

José Pacheco lembrou que o CHEGA “não defende taxas e taxinhas, continuamos a não abdicar daquilo que defendemos”, no entanto, “como não temos palas nos olhos, percebemos que muitas vezes há necessidade de alguma taxa”.

Isso mesmo se aplica nesta situação, “porque precisamos de prevenir e de dar algum contributo”. José Pacheco lembrou que o turismo de cruzeiros ainda não é preocupante nos Açores, “mas o que hoje não é preocupante, amanhã pode ser algo dramático. Aquilo que hoje pode não ser excessivo, amanhã pode ser excessivo” e importa prevenir.

O parlamentar acredita também que tem de se perceber o retorno do turismo de cruzeiros para os Açores, dando o exemplo que conhece melhor. “Na ilha de São Miguel o retorno não é assim tanto. O cais está junto à marginal, os turistas saem do barco e dão um passeio por ali, vão ao barco almoçar e jantar, e pouco gastam. Os comerciantes dizem-me que os melhores cruzeiros são os que pernoitam, porque os turistas sempre gastam mais alguma coisa”, referiu.

Desta forma, José Pacheco entende que não haverá necessidade de grandes investimentos, nomeadamente em cais de cruzeiros, em algo que não trará grande retorno, mas, tendo o foco no futuro, entende que a poluição causada pelos grandes navios de turismo pode vir a ser um problema na Região.

Apesar de tudo, o CHEGA entende que o turismo de cruzeiros é “o turismo de massas dos pobres”, pois são baratos e levam milhares de pessoas a qualquer local. Para justificar esta afirmação e corroborar que o retorno não é assim tão grande, José Pacheco informou que “uma viagem num cruzeiro de oito dias é mais barata do que oito dias numa qualquer das nossas ilhas. Temos de desmistificar estas coisas. Achar que 10 mil turistas vão representar um retorno mínimo de 10 mil euros não é verdade. Os comerciantes dizem que estes turistas reviram as lojas e levam um porta-chaves, quando levam”.

Dando o “benefício da dúvida” às questões levantadas pelo PAN na apresentação desta proposta, o CHEGA absteve-se no diploma – aprovado – que prevê cobrar três euros por passageiro que desembarque em navios de cruzeiro na Região.

À margem da discussão, e respondendo a uma provocação do Bloco de Esquerda, o deputado José Pacheco disse que mais do que falar sobre pobreza é necessário resolver a pobreza na Região. “Não podemos alimentar a pobreza e o CHEGA já disse por várias vezes que “não é justo um empresário pagar sem dignidade aos seus funcionários. Tem de se dizer aos empresários que, para ter um subsídio, tem de comprovar que trata com dignidade os seus funcionários. Tem de haver justiça social, tratando bem quem trabalha, mas o funcionário tem de saber dignificar a casa onde trabalha. Despejou-se dinheiro para cima dos problemas, agora estamos com falta de mão-de-obra, com falta de empresários, e com falta de vontade de investir”, rematou.

Horta, 14 de Julho de 2023
CHEGA I Comunicação