Durante décadas, nesta alegre, mas inconsequente democracia, assistimos a um sem número de casos e casinhos de desperdício ou desvio de dinheiros públicos.
São aviões, comboios, barcos, submarinos e muito mais, isto só no sector, digamos, dos transportes, não esquecendo as muitas estradas deste alegre Portugal. Ou seja, onde há a mão do Estado junta-se rapidamente a mão da corrupção, do compadrio, da péssima gestão, do desvio dos dinheiros dos nossos impostos para algibeiras incertas, se bem que algumas, mesmo sem podermos provar, são bem certas. Basta ver o grau de enriquecimento de alguns por estas bandas.
Cá pelos nossos Açores nada é diferente, nada diverge da podridão nacional. Cá pela nossa terra, mesmo que numa dimensão mais pequena, vemos a danosa gestão do nosso dinheiro em muitas situações, umas maiores, outras menores. Não esquecendo a má utilização das verbas da região ou das autarquias para a promoção pessoal de alguns políticos, quer seja no dar tudo a todos, quer seja no derramar de grandes quantias em arraiais e folias vãs que apenas têm objectivos eleitoralistas.
Há bem pouco tempo o Tribunal de Contas emitiu um demolidor relatório sobre a gestão do Grupo SATA entre 2013 e 2019, ou seja, durante o reinado socialista nos Açores. Neste dito relatório há fortes acusações de actos danosos de gestão por parte da administração da SATA, a mesma indicada pelo “dono”, entenda-se o Governo Regional da altura. Como sempre, os políticos cá da praça, “rogaram pragas” e “rasgaram as vestes”, mas limitaram-se a encolher os ombros e a dizer que o mal estava feito. Ninguém é investigado, ninguém é culpado, a culpa morre mais uma vez solteira.
Foi com este sentimento de indignação que o CHEGA desafiou o Parlamento Regional dos Açores a constituir uma Comissão de Inquérito à SATA, aceitando de bom grado que a mesma se estenda até final de 2022. Isto porque não basta dizer que está mal, mas sim é urgente que se apurem responsáveis tanto políticos como de gestão em todo este processo.
São mais de 465 milhões de euros (que sabemos até agora) que foram retirados da boca dos Açorianos para irem para parte incerta. É algo grave e tem de ter punição.
É uma quantia que retiramos aos nossos idosos que continuam a viver na miséria. Montantes que poderiam já ter resolvido os graves problemas da habitação nos Açores. Verba que poderia ter apoiado as famílias e as empresas. Dinheiro que poderia estar aplicado na formação e educação dos nossos jovens e crianças, numa perspectiva de emprego na sua terra.
Dinheiro que poderia ter modernizado as nossas escolas, os nossos hospitais e centros de saúde, as nossas estradas e acessos, a nossa agricultura e as nossas tão esquecidas pescas. Em suma, a nossa qualidade de vida assim como proporcionar melhores equipamentos a quem nos visita.
Mas não foi isto que aconteceu, simplesmente evaporou-se nas nuvens de uma SATA Internacional que mergulhou, tal e qual o “Cachalote”, nas profundezas dos gabinetes ou nas fundas algibeiras de alguns.
Em nome da transparência temos de apurar a verdade e, se for caso, punir severamente e criminalmente os seus autores, sejam eles quem forem, doa a quem doer.
José Pacheco
Presidente e Deputado do CHEGA Açores