“ISTO É TUDO UMA GRANDE VERGONHA” DIZ JOSÉ PACHECO AO DIÁRIO INSULAR

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Temos de assumir as nossas responsabilidades mesmo nos momentos em que tudo corre muito mal. O CHEGA não vai branquear este comportamento vergonhoso das nomeações deste Governo Regional que só demonstra ser igual ou pior ao anterior quanto a “jobs for the boys”.

In Diário Insular de 1 de Julho de 2022

(Entrevista na íntegra)
1 – Tem dado rebuliço público o caso das alterações na Unidade de Saúde do Corvo, com acusações cruzadas e para todos os gostos. Na sua visão, como foi possível “nascer” um caso destes?
Na minha visão só é possível um caso destes porque ainda não viramos a página no sentido de sabermos estar verdadeiramente ao serviço das pessoas e não dos interesses partidários e cooperativos. Ou seja, não é uma atitude de serviço público, mas sim de nos servirmos dos lugares para obter mordomias que só no Estado é possível ter, infelizmente.
Este tipo de casos só surge porque o sistema instalado assim o permite, porque não se consegue fiscalizar e penalizar devidamente os seus autores. No dia que um político tiver que pagar criminalmente por ter má conduta, será o dia em que as coisas começam a entrar no caminho certo. Até lá, vamos neste zig-zag deprimente sem qualquer consequência que se resume apenas a ruído e alarido social. Para todos aqueles que levam o serviço público muito a sério isto é tudo uma grande vergonha.
O caso do Corvo não é único, apenas um dos mais mediáticos porque na sombra dos gabinetes vão acontecendo nomeações de pessoas sem currículo, competência ou sabedoria. Vão ocupar os lugares não por mérito, mas sim por serem do partido ou, pior até, pela chantagem aritmética que o cenário político actual permite.
Talvez agora muitos percebam a nossa constante luta por termos um gabinete de combate à corrupção a funcionar devidamente nos Açores, que saiba fazer as devidas investigações e apurar os infractores, sejam eles quem forem.

2 – Estamos perante um caso de relevância política quiçá regional ou poder-se-á interpretar que tudo não passará de posicionamentos para eventuais ajustes internos de poder no Corvo?
Se alguém quer jogar estratégia política não o deveria fazer com os fracos recursos da Região. Se isto é uma “luta de galos” então andamos a enganar os açorianos com estes “joguinhos” de má qualidade e muito pouco interesse para os Açores e o seu Povo. Cada um há de saber demonstrar quais são as suas prioridades perante os açorianos.

3 – Quem são os protagonistas relevantes nesta história e que papéis desempenham?
Quem são? não me compete dizer e, neste sentido, enviei um requerimento ao Governo Regional para que nos esclareça todo o processo e os seus protagonistas, assim como as consequências do mesmo.
As pessoas já estão demasiado cansadas com a qualidade deste tipo de “politiquice”. Julgo que é tempo de parar ou então devolver a voz ao povo e irmos todos a votos para clarificar estes cenários cobertos de nevoeiros e compadrios.

4 – Como é possível justificar a colocação de dois médicos no Corvo, quando muitos açorianos nem sequer têm médico de família?
Obviamente que qualquer açoriano que se veja sem médico de família está neste momento a fazer a mesma pergunta. A resposta claramente tem de ser o Governo Regional a dar, de forma clara e objectiva.