ENTREVISTA DE JOSÉ PACHECO AO JORNAL ILHA MAIOR DO PICO

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1-O que distingue a candidatura do CHEGA das restantes?
Não sei se é o que me distingue ou distingue a candidatura do CHEGA, mas se há algo que sei sobre mim é que sempre trabalhei em prol dos outros. Sempre achei que era mais útil ter esta postura, quer fosse nas minhas actividades sociais, culturais, políticas e até profissionais.
A minha determinação, havendo quem a confunda com teimosia, imponho em tudo que faço. Mesmo quando acham impossível, se eu achar que não o é, faço acontecer a possibilidade. Isto só é possível quando não elevamos a fasquia para os níveis da fantasia, mas sabemos planificar as coisas ao nível do alcançável. O CHEGA tem sido um bom exemplo disto.
O mal de muitos políticos é precisamente terem pouca determinação e simplesmente atirarem uma série de promessas que nem eles próprios acreditam que são possíveis de concretizar.
Tenho o bom hábito de nunca fazer promessas e quando me ponho num caminho é para ir até ao fim, custe o que custar, doa a quem doer. A vida é preciosa demais para andarmos a brincar com ela e com a dos outros.

2-Se for eleito como se propõe defender os interesses dos Açores em Lisboa?
Da mesma forma que já os defendo na Assembleia Legislativa Regional dos Açores e envergando sempre as nossas bandeiras como o combate à corrupção e à subsidiodependência. Em causa está a dignidade humana.
Qualquer um destes malefícios, que tanto prejudicam as nossas comunidades, é transversal a todo o país. Certo é que nos Açores, devido à fragmentação geográfica e à menor dimensão das nossas comunidades, os efeitos da corrupção e compadrio fazem-se sentir fortemente. Mas também a questão da subsidiodependência é algo destruidor nas nossas comunidades. Basta ver a falta de mão-de-obra em vários sectores quando todos conhecemos os inúmeros casos de pessoas aptas para trabalhar, mas não o fazem porque não querem e não há fiscalização que os trave.
Seja em qualquer um dos casos queremos e iremos sempre combater a pobreza e o tráfico de influências, o compadrio e o nepotismo que todos conhecemos. Temos de travar este roubo a Portugal e aos Açores. Temos de fazer valer a dignidade pelo trabalho, pelo mérito e não pela dependência de terceiros, com os intuitos eleitoralistas que conhecemos. Queremos acabar com a pobreza, ajudar quem mais precisa realmente e, ao mesmo tempo, mandar para a cadeia todo e qualquer corrupto. Isto já será uma tarefa gigantesca para qualquer político.
Os Açores, que cada vez mais se posicionam como uma referência turística portuguesa, devem também, fazer parte de uma estratégia nacional para a promoção do turismo de Portugal. É preciso não esquecer que temos uma companhia área nacional, a TAP, fortemente sustentada pelo dinheiro dos contribuintes, que tem uma grande obrigação de fazer fluir o turismo na nossa direcção. Pena é que falamos apenas na SATA, mas não se compreende como se esquece o serviço público nacional que a TAP deve ter neste contexto.
Ultimamente as questões da lavoura e da agricultura, em geral, têm sido algo central no discurso do CHEGA nos Açores. Para se ultrapassar o caos em que tudo isto caiu, após longas décadas de experimentalismos e má governação, é fundamental agora saber defender os nossos genuínos produtos, pelo seu factor de diferenciação e elevada qualidade. Consumir algo dos Açores deve ser um privilégio e não uma banalidade como já acontece com o leite açoriano, com forte prejuízo para os nossos produtores.
A defesa do nosso mundo rural é imperiosa, assim como defender as nossas tradições e cultura tão ricas. Combater o despovoamento tem de ser uma tarefa até mesmo nacional. Apoiar as famílias para um aumento da natalidade é uma urgência.
Combater a miséria em que vivem muitos dos nossos idosos tem de ser outra missão nacional. É inconcebível que muitos jovens recebam para não trabalhar, enquanto quem trabalhou toda uma vida tenha de viver com poucos euros mensalmente. Trabalhar no sentido de as pensões mais baixas subirem rapidamente para níveis de dignidade é uma urgência.
A defesa do nosso mar e do nosso espaço aéreo é fundamental, assim como do aprofundamento da nossa Autonomia, mas podemos aprofundar mais estes temas neste espaço.

3-Está preparado para votar ao lado dos outros partidos, caso isso signifique a defesa dos Açores?
Sempre! Tudo o que for pelo bem-estar dos Açores e dos Açorianos eu estarei sempre pronto…

4-Qual o trabalho que a candidatura do CHEGA pretende desenvolver para incentivar os açorianos a irem às urnas no ato eleitoral?
Tal como já tinha acontecido na Regionais e nas Presidenciais, vamos novamente votar no meio de uma pandemia.
Penso que as medidas tomadas são mais que suficientes para podermos exercer a nossa cidadania com toda a segurança.
Os alarmismos que alguns continuam a teimar semear em nada ajudam a democracia e poderão fazer aumentar o fantasma da abstenção. Temos de saber combater isto de todas as formas fazendo perceber que mais que o medo, precisamos todos é de esperança num futuro melhor, que virá com certeza.

5-Qual o relacionamento que pretende manter com o governo açoriano?
A cooperação com o Governo Regional dos Açores deve ser natural e saudável. E se ela não existiu até Outubro de 2019 é porque algo muito errado aconteceu, uma vez que até eram Governos da mesma cor partidária.
Há uma série de áreas em que ambos os Governos, tanto da República como dos Açores, podem e devem ser discutidas, analisadas e trabalhadas em conjunto e é obrigação de qualquer deputado, seja nos Açores, seja na República, reivindicá-las para o bem da sociedade.
Comigo na República, sempre que não me derem ouvidos ou me atenderem, de tudo farei até ser atendido, até ver a minha gente com os seus problemas resolvidos. Sei que nem todos têm esta paciência, mas eu garanto que a terei sempre que necessária.

6-A majoração dos apoios sociais aos trabalhadores despedidos pela Cofaco continua sem ser assumida pela República. Qual a posição da candidatura que lidera em relação a este atraso?
O CHEGA está sempre ao lado de qualquer trabalhador. Neste caso em concreto, também estamos do lado dos trabalhadores despedidos da Cofaco procurando uma justa solução para todos os que deram de si a esta empresa.
Se promessas houve, pois é preciso que sejam cumpridas o quanto antes. Não podem os cidadãos e os trabalhadores ficarem reféns de palavras ditas e não cumpridas e de eleitoralismos que, no fundo, só favorecem alguns partidos políticos.
As pessoas merecem o respeito dos políticos e está mais que na altura de se fazer justiça a estes trabalhadores que não têm culpa das más políticas de governação anteriores.
Contem com o CHEGA para fazer tremer o sistema e fazer chegar a vossa voz o mais longe possível.

7-A situação pandémica está a provocar enormes desafios. Quais os principais problemas que a República precisa atender para apoiar as famílias e as empresas açorianas afetadas pela pandemia?
Os desafios são mais que muitos a começar pela retoma financeira das nossas famílias e das nossas empresas.
A pandemia fragilizou muitos sectores da nossa economia e é preciso dar confiança às famílias e aos empresários com políticas sérias e que ajudem a alavancar a sociedade.
A aplicação dos fundos do PRR poderão ser uma grande ferramenta, mas não pode ser a única. É preciso ser mais ousado, ser mais criativo e não ter medo de dar o passo em frente de modo a repor o crescimento económico sustentado, após a pandemia, e que todos ambicionamos.

8-A falta de efetivos da PSP nas esquadras do Pico continua a fazer-se sentir. De forma é que irá intervir para inverter esta situação?
A falta de efectivos da PSP é um problema não só na ilha do Pico, mas em todas as ilhas dos Açores. Nestas áreas da Defesa e Segurança podíamos defender a sua gestão plena. No entanto, era necessário saber se com essa responsabilidade receberíamos, também, os meios financeiros necessários para esse fim. Algo que tenho fortes dúvidas.
Assim sendo, o estado português tem de assumir as suas responsabilidades e criar os meios necessários para que possamos ter nos Açores Defesa, Justiça e Segurança Pública de qualidade que defenda os interesses dos açorianos e dos Açores.

9-Há largos anos que se arrasta a situação da falta de condições da esquadra da PSP nas Lajes do Pico. Tem conhecimento da situação e qual a garantia que pode dar aos profissionais daquele concelho para tentar melhorar as condições de trabalho?
Como já referi, é dever da República acautelar as melhores condições de trabalho a todos os profissionais que, todos os dias, lutam pela defesa e segurança de todos nós.
A realidade actual é bem diferente deste anseio. É notório o estado de degradação ou até mesmo de abandono que existe em qualquer uma destas áreas, tanto em recursos humanos como materiais. Isto é uma vergonha e não pode continuar assim.

10-Continua a fazer sentido o cargo de Representante da República para os Açores?
No meu entender este é um cargo que deveria desaparecer. Nem vejo que possa haver mais alguma discussão possível quanto a este tema.
Temos órgãos democraticamente eleitos que devem ser a voz desta Região e deste povo, não precisamos de intermediários.