Normalmente, quando falamos de Saúde, ou a falta dela, há sempre vozes que se levantam e dizem: não é a tua área, não percebes nada disto, cala-te! Nada mais errado, é a área que toca a todos os açorianos enquanto utentes ou doentes, que pagam obrigatoriamente o nosso serviço regional de saúde, mesmo que sejam obrigados a não o usar. Por isso, não podemos estar calados!
Se pagamos muito ou pouco pelo serviço que temos, este seria um longo debate. Certo é que muitos de nós pagamos por algo que não usamos porque nos vemos obrigados a recorrer aos seguros ou diretamente aos médicos privados, pagando assim duplamente para obter cuidados de saúde, que mais não seja uma simples consulta de oftalmologia para mudar as lentes e as “cangalhas”. Contra factos não há argumentos.
Talvez um dia se perceba que poder optar em 50% da contribuição social mensal para um seguro de saúde obrigatório (algo que já existe com os automóveis), possa ser o caminho que alivia o SRS, protegendo assim quem precisa e não atacando a algibeira de quem paga duplamente. Outro debate que temos de abrir em Portugal, mas que a canhota não quer porque mesmo que a saúde pública funcione mal tem de ser apenas e só no estado. Eles lá devem ter as suas razões, enquanto isto vamos todos padecendo, uns mais, outros menos.
O CHEGA Açores apresentou uma solução para aliviar a carga do SRS, o CHEQUE SAÚDE, aprovada no Parlamento dos Açores. Este consiste em protocolar com os privados cuidados de saúde que, quando não forem possíveis ser prestados atempadamente nas unidades de saúde públicas, serem feitos nos privados. Novamente veio a canhota unida dizer que querermos destruir o SRS quando simplesmente não percebem, ou não querem perceber, que este está saturado e em rotura. Não assumem que se pode morrer apenas pela espera que é longa e quase infinita. O que não dizem é que quem pode pagar tem rapidamente uma consulta ou exame e quem não pode tem de esperar sentado.
Por outro lado, o governo regional tarda em aplicar esta medida por não ter ainda atualizado os valores a pagar às unidades privadas e os seus profissionais, isto desde 2014, já lá vão dez anos.
Continuamos a insistir no erro que tudo tem de ser feito no SRS mesmo quando este já demonstrou não ter capacidade. Quando não há outra solução, recorre-se aos privados, pagando o que pedirem, apenas porque é o último recurso, quando já não há poder negocial. É caso para dizer que “a emenda sai pior que o soneto”, como todos nos apercebemos recentemente no caso da fisioterapia, em São Miguel, e muitas mais que havemos de descobrir.
Já agora, gostava que estes senhores, iluminados da esquerda, nos explicassem caso não houvesse o hospital privado da CUF para onde iriam os doentes com o incêndio no HDES? Para casa deles não seria certamente. Como diz o Povo: “paga-se pela língua!”
O diagnóstico está feito e refeito há muito e muito tempo, andam mesmo a falhar as medidas estratégicas e pragmáticas que façam a máquina mover a favor das pessoas e não dos votos. Falta uma estratégia de longo prazo, que nos permita traçar caminhos e pensar o futuro. Falta saber realmente o que se anda a fazer esquecendo o eleitoralismo e os interesses instalados. Escasseia quem seja capaz de dar o murro na mesa, mas disto, seja nesta área ou noutras, não tenho a menor dúvida.
Curiosamente, não tem muitos dias, vi aqueles que levam a sua missão na saúde muito a sério, mostrando resultados práticos, terem de baixar os braços e irem-se embora porque a tutela tem uma incapacidade enorme de escutar quem está no terreno, quem lida com a realidade e apresenta as soluções. São feitios, como diria o outro, mas quem paga somos nós.
Todos sabemos que faltam médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde, mas também sabemos que faltam medidas que os cativem e os fixem especialmente nas ilhas mais isoladas.
Dizer que temos médicos de família, mas se ele não estiver lá no dia da consulta por baixa ou outra razão qualquer, também nos serve de pouco e muito menos as desculpas ou estatísticas sempre favoráveis a quem as manda fazer.
Outra questão que custa a compreender é a do desperdício de medicamentos que não são consumidos, mas que os contribuintes pagam apenas porque não existe a unidose. Ou seja, se comprarmos uma caixa de 30 comprimidos e consumirmos apenas 15, damos um prejuízo aos contribuintes já que apenas deviam ser vendidas as doses adequadas ao tratamento. Será que as farmácias iam gostar disto? Suponho que não, mas quem paga, que somos todos nós, íamos certamente gostar de ver este desperdício financeiro a baixar.
Finalmente, dizemos todos que a Saúde está doente, até caótica, mas muito por culpa de quem “trata” dela, ou seja, nós os políticos, pelo menos aqueles que estão mais preocupados com eleições do que o bem-estar das populações. Não é o nosso caso certamente.
Só me resta dizer, haja saúde, dentro do que for possível!
José Pacheco
Presidente e Deputado do CHEGA Açores
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