PS E PSD DEVEM MUDAR “POSTURA DITATORIAL”

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FOI ELEITO PELO CÍRCULO ELEITORAL DA ILHA TERCEIRA. MAS AO SER ELEITO TRANSFORMOU-SE, POR VIA DA LEI APLICÁVEL, EM DEPUTADO REGIONAL E NÃO DO SEU CÍRCULO. SENDO ASSIM, QUE CONDIÇÕES TÊM PARA DEFENDER OS SEUS ELEITORES E CUMPRIR A PROMESSA QUE LHES FEZ?
O programa eleitoral que o Chega apresentou aos eleitores é extenso e público. Esse programa é um contrato que temos com os nossos eleitores e é através dele que iremos orientar as nossas linhas programáticas e apresentar as nossas iniciativas legislativas. Também é evidente que o Chega sozinho não irá conseguir aprovar qualquer proposta e, neste sentido, estamos disponíveis para negociar com outros partidos todas as nossas propostas que sirvam para melhorar a vida dos açorianos.

DEFENDE ALGUMA ALTERAÇÃO À LEI ELEITORAL QUE LIGUE MAIS OS DEPUTADOS A QUEM OS ELEGEU? EVENTUALMENTE UM CÍRCULO UNINOMINAL OU OUTRA QUALQUER SOLUÇÃO? PORQUÊ?
Este assunto é muito complexo e como exige alterações constitucionais não estou a ver que num horizonte mais próximo seja possível um entendimento político neste assunto. Mesmo assim, considero que os Açores, comparativamente ao Continente, têm um sistema mais representativo, tendo em conta que todos os votos contam. Só assim conseguimos ter uma maior diversidade de partidos na assembleia ao contrário do Continente onde centenas de milhares de votos não têm qualquer utilidade. Eu acho que o facto de existirem nos Açores um maior número de forças políticas representadas no parlamento enriquece a democracia, isto apesar de muitas dessas forças políticas terem muitas vezes um comportamento antidemocrático relativamente ao Chega.

ESTAMOS A VIVER TEMPOS EM QUE AS MAIORIAS ABSOLUTAS PARECEM NÃO TER LUGAR. ISSO FACILITA OU DIFICULTA O TRABALHO NO PARLAMENTO? COLOCA O PARLAMENTO MAIS NO CENTRO DA VIDA POLÍTICA DA REGIÃO OU NEM POR ISSO?
Acho que facilita o trabalho, pois vem de encontro à essência do Parlamento. Na nossa democracia o parlamento é o centro de decisão. Porém, com as longas maiorias absolutas do PS e PSD criou-se o preconceito, por parte de alguns governantes, que só é possível governar com o poder absoluto e que os deputados são uma espécie de palhaços que ali estão, completamente subservientes ao líder do partido vencedor. Esta postura ditatorial por parte do PS e do PSD tem de mudar. Habituem-se a respeitar a democracia e as outras forças políticas em vez de andarem a servir de bengala um ao outro.

QUAL A SUA OPINIÃO SOBRE UM EVENTUAL ENTENDIMENTO PSD (COLIGAÇÃO) – PS EM QUESTÕES ESTRATÉGICAS QUE AJUDE A REGIÃO A RESOLVER PROBLEMAS ESTRUTURAIS, COM DESTAQUE PARA O ABASTECIMENTO FINANCEIRO, TENDO PRESENTE QUE A RELAÇÃO DESPESAS CORRENTES-IMPOSTOS COBRADOS PARECE SER CRÍTICA?
Um entendimento entre o PS e o PSD serviria apenas para manter os tachos, além de ser uma traição aos eleitores, pois apresentaram programas muito diferentes ao eleitorado. Com a votação que o Chega terá a nível nacional iremos ter uma enorme capacidade de influência nos destinos do país e dos Açores. Da parte que nos toca faremos o nosso trabalho e seremos a voz dos mais de 10.626 açorianos que votaram em nós. Estamos certos que as nossas propostas farão a economia crescer e muitos problemas estruturais serão resolvidos, nomeadamente o combate à subsidiodependência e aos privilégios instalados. Mas a máquina do Estado tem de emagrecer e ser mais eficiente. Não podemos continuar a alimentar e a fazer crescer esse “monstro” enquanto os açorianos vivem com dificuldades.

Francisco Lima. Deputado do CHEGA (Terceira)
In Diário Insular de 27 de Fevereiro de 2024