Nasci há 31 anos nos Açores e vivo cá ate os dias de hoje, designadamente em São Jorge que é uma das 9 ilhas dos Açores, uma das mais lindas do Arquipélago, mas fico triste com muitas coisas que estão a acontecer e ninguém faz nada por São Jorge, o erro politico esta a levar a ilha a sofrer agudamente com efeitos de uma recessão económica, desemprego, empobrecimento e despovoamento dai resulta a incapacidade de fixação de população designadamente a população jovem, a redução do emprego disponível e a estagnação das atividades económicas que estão na base de grande parte dos problemas de todos nós Jorgenses. É uma situação que ninguém repara é a continuação do esvaziamento do espaço rual, fenómeno agravado pelas políticas regionais erradas.
E ninguém põe cobro a isto: em mais de quarenta anos de autonomia, nem os governos regionais de Mota Amaral do PSD, nem os governos regionais do PS, de Carlos César e de Vasco Cordeiro, travaram este descalabro. São Jorge está na maneira como os sucessivos governos regionais governam as restantes 7 ilhas.
Tal como a entendem e a aplicam, a autonomia só tem servido para enriquecer e fortalecer a grande burguesia açoriana exploradora, fixada sobretudo em Ponta Delgada e Angra do Heroísmo. Todo o dinheiro que vem do orçamento da República e dos subsídios da União Europeia vai bater aos bolsos da classe dominante exploradora, não escapando nada, ou escapando muito pouco, para o povo açoriano que vive nas outras sete ilhas dos Açores.
Politicamente, a Ilha de São Jorge não existe; a Ilha de São Jorge só existe administrativamente, como um conjunto de 2 concelhos: Velas e Calheta. Cada concelho toca o seu instrumento, mas a Ilha de São Jorge, no seu todo, não tem nenhum instrumento nem orquestra para tocar a música que convém. A divisão administrativa da Ilha de são Jorge é a maneira que a classe dos capitalistas de S. Miguel e da Terceira encontraram para reinar sobre o São Jorge e o seu povo. Por exemplo; o sector cooperativo está substancialmente dependente de subsídios e dos avales do governo não são capazes de garantir o pagamento justo do preço do leite ao produtor, pois São Miguel não tem interesse nenhum no nosso queijo pois pretende vender e qualificar o seu e deixar o nosso para traz.
Outro exemplo é a SATA a frequência de voos e os lugares na transportadora aérea SATA na época alta, situação que se agravou no último verão foi vergonhoso para a nossa ilha ora porquê?
Outro problema é a Lotaçor sociedade anónima de capitais públicos regionais. A Lotaçor fixa taxas e preços do pescado, aos nossos olhos a Lotaçor vive a custa do trabalho dos pescadores e claro há prejuízo exploratório imposto ao pescador. E há muitos outros problemas que sabemos que existem na nossa ilha, fora estes que mencionei. Quem fica a ganhar com isto tudo?
Em si, e sozinho, São Jorge tem, como ilha, um único direito, que é aliás um dever: receber uma vez por ano a chamada visita estatutária do governo regional para quê? Para fazer de conta que se importam com São Jorge!? Temos que acabar com esta bandalheira, se nós Jorgenses não tomamos a direção da nossa Ilha, ficaremos condenados a desaparecer.
Os nossos representantes políticos que estão a usufruir de bons ordenados, viagens entre muitas outras coisas que parte desse dinheiro que nós como cidadãos descontamos do nosso “pouco” ordenado. Afinal o que fazem no parlamento? É essa a minha dúvida, penso que o objetivo é de defender e lutar pela nossa terra pela nossa ilha pelo que é nosso, mas de repente de nada fazem lá ficam calados e muitas vezes são calados, pergunto outra vez que estão lá a fazer? Não se deixem intimidar pelos seus lideres dos seus partidos nem falarem o pouco que falam do que seus lideres querem que digam!
Agora digo meus caros deputados de São Jorge lutem pelo que é nosso e batem a porta do nosso povo jorgense não só quando necessitam dos votos mas sim várias vezes ao ano, que nós todos juntos conseguimos ou pelo menos tentar recuperar uma parte do nosso São Jorge.
Um bem-haja.
Paulo Lemos