GOVERNO SABIA DAS ROTAS DEFICITÁRIAS DA SATA E OPTOU POR MANTÊ-LAS, CONCLUI O CHEGA

15

Em mais uma audição da Comissão Parlamentar de Inquérito à Gestão da SATA, o CHEGA foi directo ao perguntar ao ex-administrador da SATA, Luís Parreirão, e ao ex-Secretário Regional da tutela, Víctor Fraga, quem foi responsável por manter as rotas deficitárias e por deixar parado o avião A330, apelidado de “cachalote”.

Ao antigo Secretário Regional do Turismo e Transportes, o deputado José Pacheco questionou se havia estudos que recomendassem a utilização de um avião menor, tendo Víctor Fraga respondido afirmativamente, no entanto, reforçou que não havia no mercado aviões mais pequenos.

“Foi uma opção política ou técnica da própria SATA manter rotas deficitárias?”, questionou o parlamentar. Víctor Fraga referiu que a definição de rotas é feita com base em estudos e garantiu que enquanto governante nunca deu indicação à SATA para criar novas rotas.

No entanto, reforçou José Pacheco, estas opções de rotas geraram prejuízos de 200 milhões de euros. “Que riqueza trouxe para a Região estas opções de rotas?”, quis saber o deputado. Na resposta, o antigo Secretário Regional da tutela afirmou que o sector do turismo sobreviveu, entre 2010 e 2014, “por via da SATA ter desempenhado esse papel de canalizar fundos turísticos para a Região” e acrescentou que o sector foi fundamental “para garantir a subsistência, postos de trabalho, e que muitas pessoas tivessem rendimento num período de grande dificuldade”.

José Pacheco foi peremptório e garantiu que “não foi a SATA que salvou os empregos de ninguém. Quando muito salvou os empregos de alguém que estava na SATA. Eu estava cá, a sofrer as consequências e a frequentar restaurantes, devido à minha actividade profissional, e não posso admitir que diga que a SATA foi a salvação dos Açores”.

Relativamente ao ex-administrador da SATA, Luís Parreirão, o CHEGA também perguntou se havia algum estudo que recomendasse o A330 “que parado dava prejuízo de 4 milhões de euros e a voar custava 8 milhões de euros”.

Em resposta Luís Parreirão reafirmou o problema estrutural de capital da SATA na altura, afirmando haver estudos que fundamentavam a opção do A330 e a sua capacidade de rentabilização. Relativamente ao facto de ser mais barato ter o “cachalote” parado do que a voar, Luís Parreirão lembrou que em 2016 o avião deu lucro e referiu não ter sido durante a sua administração que foi decidido que o avião iria ficar suspenso.

“As decisões da administração da SATA tiveram influência directa do Governo Regional?”, quis saber José Pacheco, ao que o antigo administrador referiu haver conversas regulares com o accionista único da companhia aérea, mas que as decisões do Conselho de Administração foram tomadas pela administração, “ainda que houvesse indicações genéricas do accionista”.

Perante a confirmação que o Governo Regional estava informado do défice das rotas, Luís Parreirão indicou que nessa altura “os turistas chegavam aos Açores na SATA ou não chegavam. Havia uma razão maior para que isso acontecesse” e não se acabassem com as rotas deficitárias. José Pacheco referiu que a TAP sempre voou para os Açores e que trazia também turistas, concluindo que “o Governo instruiu a SATA para que isso fosse feito. As opções políticas atravessaram-se na Administração da SATA e é a essa conclusão que chego”.

Ponta Delgada, 6 de Outubro de 2023
CHEGA I Comunicação