CASTRADOS PELA ESQUERDA

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Estamos a viver tempos de mudança, que se manifestam em acontecimentos políticos, sociais, científicos e culturais, e, por isso mesmo, podemos afirmar que estamos a testemunhar o início de uma nova era da civilização, que certamente será estudada daqui a muitos anos.

Um desses processos de renovação que me preocupa e afeta a nossa sociedade é a ideologia de género, uma vez que afeta, direta e indiretamente, uma pedra basilar da nossa cultura judaico-cristã, o casamento e a família. A esquerda, aproveitando-se da falta de seleção de informação, usa a ideologia de género e seus argumentos existenciais para erradicar uma instituição básica social, como a família de pai, mãe e filhos, distorcendo e atacando a própria natureza humana e social. Esta atitude acarreta graves consequências, pois confunde as mentes e a forma como estamos a educar as nossas crianças, pondo em risco o futuro do ser humano.

A título de curiosidade, e não me afastando do tema, entre os séculos XVI e XVIII em Itália, meninos de idades que rondavam os dez anos, que tivessem aptidão para canto, eram submetidos ao que hoje chamamos de mutilação genital, para que não passassem pela puberdade e, com isso, atingissem extensões vocais femininas e atuassem em grandes óperas religiosas, os chamados castrati. Esses meninos eram obrigados a passar por este procedimento, pondo em risco a sua vida, uma vez que os conhecimentos científicos e de medicina da altura eram limitados. No entanto, algo grotesco como esse ato, era um processo perfeitamente normal na sociedade da altura e era o método de preservar a voz dos meninos, pois impedia a maturação natural, uma vez que as hormonas masculinas produzidas pelos testículos não atingiam a corrente sanguínea.

Faço esta pequena introdução para contextualizar que hoje em dia a esquerda woke quer nos impingir os novos castrati, não com a finalidade musical e religiosa, mas como afirmação das grandes virtudes do marxismo cultural, e que aceitemos isso como algo perfeitamente normal. Os castrati modernos, que se estendem aos dois géneros, optam por se submeter a uma afirmação de género com recurso à medicina, que inclui formas menos agressivas, mas igualmente perigosas, como terapia hormonal, com hormonas sintéticas, leiam-se químicos, ou a intervenções mais agressivas como alteração cirúrgica da genitália e das outras características sexuais.

Estudos científicos apontam hormonas sintéticas administradas para fins de afirmação de género como possíveis agentes carcinogénicos, uma vez que são administrados em altas doses e ao longo de décadas, aumentando a incidência de cancro, levantando preocupação entre a comunidade médica.

E para finalizar, com essas ideias de esquerda woke, fico com muito mais dúvidas que certezas. Afinal porque têm de falar com crianças de 6 anos sobre sexo? Concordo que as crianças saibam se proteger de predadores, mas como posso confiar? Porque tenho de aceitar que ensinem às crianças que não existe meninos nem meninas, somos o que nem sei o que somos? Que podem escolher ser o que quiserem? Que podem mudar de sexo? Que podem ter sexo com quem quiserem? E tudo isto sem dar ouvidos a ninguém! Uma criança, que num dia quer ser veterinária, no outro talhante. Além disso, esses tutores têm formação médica suficiente para explicar a essas mesmas crianças os riscos que acarretam uma operação de transição sexual? Será que explicam que estão a transformar pessoas saudáveis em doentes crónicos que terão de tomar uma bateria de substâncias químicas para o resto da sua vida?

Na verdade, tenho a impressão dentro de alguns anos, alguém há-de se lembrar de processar um pai por oferecer uma simples boneca a uma menina de 6 anos, porque está a impor-lhe um tipo de sexualidade, se é que já não aconteceu.

Miguel Arruda
Dirigente do CHEGA Açores