Entrevista de Francisco Lima ao Diário Insular

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1 – A ligação Porto da Praia-Aeroporto das Lajes, entendida em conjunto ou cada uma das infraestruturas por si, continua limitada na sua utilização sobretudo por razões militares, o que significa que, em última análise, cabe a Lisboa desbloquear os atavismos que forem identificados. O que pode prometer neste particular aos eleitores da ilha Terceira?
O comportamento da República para com Açores assume por vezes contornos estranhos e a resolução de qualquer assunto que dependa dum qualquer papel produzido no “ Terreiro do Paço “ é sempre um “penar de trabalhos”. Posso prometer de que se for eleito deputado pelo CHEGA tudo farei para denunciar essa paralisia em que o estado central se encontra relativamente a resolução dos problemas dos Açorianos, como é este mais um exemplo.

2 – A descontaminação das zonas da ilha Terceira contaminadas por ação da Base das Lajes continuar por fazer e Lisboa nem sequer responde às perguntas que lhe são endereçadas pelo Governo Regional, apesar de ter obrigação legal de descontaminar. O que poderá e quererá, na Assembleia da República, fazer em relação a este dossiê?
A descontaminação da Ilha Terceira é de extrema importância, não só por estar em causa a saúde pública como a imagem da Ilha Terceira e dos Açores para o exterior, aquilo que é o nosso maior ativo económico e que deve também ser acautelado sem alarmismos e aproveitamentos políticos. Não será com o actual ministro dos negócios estrangeiros que a descontaminação da Ilha Terceira avançará depois de ter dito em pleno plenário da Assembleia da República que aguardava primeiro que o Governo Regional fosse descontaminado, referindo-se num tom jocoso ao acordo de governação dos Açores. Uma VERGONHA !

3 – É provável que a reforma da Autonomia acabe por ser discutida, na próxima legislatura, na Assembleia da República. O que, em sua opinião, é preciso mesmo mudar?
O que é preciso mesmo mudar é a dependência que o país tem do Terreiro do Paço. Este estado monstruoso e despesista que atrapalha todos os dias o desenvolvimento dos Açores. É urgente uma nova lei de finanças regionais que reforce os poderes e meios dos Açores. O Estado não tem cumprido com as suas obrigações como são exemplos a Universidade dos Açores, as esquadras de polícia apodrecerem, a obra da cadeia de Ponta Delgada, o radar meteorológico e os cabos submarinos . A competência pela atribuição do RSi deve ser da região. Os Açorianos não compreendem como é que este subsidio é “gerido “ pela República e ficam a assistir de bancada a este regabofe , a este subsidio ao ócio e à preguiça – Isto tem de acabar!.

4 – Alguns analistas entendem que a extinção do cargo de Representante da República desequilibrará a balança de poder nos Açores a desfavor da Terceira, onde o órgão tem sede. Qual a sua opinião? O órgão deve ser extinto? Se sim, a Terceira deve ser compensada na balança interna de poder?
O Representante da República é mais um daqueles tachos inúteis. Por isso devia acabar, ponto final. Portugal tem de sair deste ciclo vicioso de empobrecimento e desta bandalheira em que o país se transformou: um país cheio de cargos políticos inúteis, com metade a malandrar e a outra metade a pagar. A Ilha Terceira não ficará mais pobre e os contribuintes ficarão aliviados por terem menos um fardo a suportar. Foi essa cultura do “deixa andar” que nos trouxe 3 bancarrotas. Não podemos continuar a suportar tachos para distribuir para os amigos. Os portugueses estão fartos de muita conversa e de pouca ação.

In Diário Insular de 11 de Janeiro de 2022