Discurso do deputado José Pacheco sobre os 45 Anos de Autonomia

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Discurso do deputado José Pacheco, do Chega, proferido hoje na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores a propósito dos 45 Anos de Autonomia.

DISCURSO

– Senhor Presidente da República
-Senhor Presidente da Assembleia Legislativa Regional dos Açores
– Senhor Vice-Presidente da Assembleia da República, em representação de Sua Excelência o Presidente da Assembleia da República
– Senhor Presidente da Assembleia Regional dos Açores
– Senhor Representante da República para a Região Autónoma dos Açores,
– Senhor Presidente do Governo Regional dos Açores,
– Antigos Presidentes da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores e do Governo Regional dos Açores,
– Senhoras e Senhores Deputados à Assembleia da República,
– Senhoras e Senhores Deputados Regionais,
– Senhoras e Senhores Membros do Governo Regional dos Açores,
– Senhor Presidente da Câmara Municipal da Horta,
– Autoridades Civis, Militares e Religiosas,
– Minhas Senhoras e meus senhores aqui presentes

Autonomia é algo que todo e qualquer ser humano ambiciona alcançar. Seja a autonomia física, a mental, até mesmo a espiritual, mas sem nunca esquecer a política.
Por vezes até a chamamos de Liberdade e se calhar não estamos enganados.

Não temos uma Autonomia perfeita, temos a que podemos ter, aquela que soubemos ou pudemos alcançar.

Certo é que se hoje aqui estamos, neste Parlamento Regional, é fruto de um enorme passo democrático já alcançado.
Muito haverá por fazer, muita luta teremos de travar, mas o mais importante é tornar sólida a Autonomia que temos.
Tudo se alcança com um diálogo constante, mas nunca será por uma disputa de quem grita mais alto.

Esta não é uma discussão de surdos, mas sim de justiça e equilíbrio do nosso país.

Antes de falarmos em centralismos devemos olhar para dentro de casa e tentar perceber se não usamos os mesmos métodos de ilha para ilha.

Antes de acusar outros, teremos de nos acusar a nós próprios, num exercício construtivo de autocritica, ultrapassando todo e qualquer bairrismo, unindo aquilo que já o mar separa.

Também é certo que não podemos cantar vitórias autonómicas quando vivemos numa das Regiões mais pobres de Portugal, quando se alimenta a pobreza com mais pobreza, de programa em programa, de medida em medida, enquanto o dinheiro houver, até que todos nos cansemos.

Há que inverter o sentido político e social desta autonomia, ganhando coragem para que este paradigma seja alterado definitivamente.

Não precisamos de mais pobres e muito menos de novos pobres que o poder político alimentará quando já não houver remédio social ou económico.

Também não se compreende como pode um pai pedir que um filho cuide da sua vida, que seja autónomo, mas deixar lá em casa um tio a vigiar constantemente os seus passos.
Não compreendemos o papel do Representante da República na Autonomia Açoriana.

Senhor Presidente da República e todos presentes,
Estas são as ilhas dos Açores, terra banhada pelo sal do mar, pela insularidade que a geografia nos obriga.
Terra de gente pacífica, trabalhadora, temente a Deus e com forte sentido de família e comunidade.
Gente corajosa no ingreme das montanhas, nos cornos de um touro, no árduo trabalho de desbravar a terra, do retirar o leite do animal ou até pensar Portugal, mesmo no dia que se sentem mais esquecidos.
Somos diferentes no falar, no sentir, nas nossas vivencias, cultura e espiritualidade.

Não somos, garantidamente, cidadãos diferentes por estarmos mais distantes do poder central, das decisões políticas do nosso país.
Senhor Presidente da República e a todos os portugueses,

É bom relembrar, e nunca o será em demasia, que aqui também é Portugal.

Viva os Açores, Viva Portugal!

Disse!

Horta, 4 de Setembro de 2021

José Pacheco
Deputado do Chega