A lavoura vive constantemente momentos de aperto financeiro. A grande maioria dos lavradores queixa-se que, mesmo com os subsídios, torna-se difícil viabilizar financeiramente as explorações. Há muito tempo que está detetado o grande problema, este está precisamente no baixo preço por litro de leite que é pago ao produtor, sendo que os custos de produção têm aumentado constantemente.
Os Açores estão na cauda da Europa no valor recebido por litro de leite, estamos 10 cêntimos abaixo do valor médio europeu. Neste sentido, o CHEGA defende que se deve encontrar rapidamente uma solução que faça subir pelo menos este valor por litro, acompanhando assim os níveis médios europeus.
É urgente perceber que temos produtos lácteos de excelência que não estão a ser valorizados convenientemente nos mercados, visto que são comercializados ao nível e preço de produtos de qualidade inferior. Esta valorização é urgente e deve ser feita pela qualidade que apresentamos neste sector. Não podemos continuar a ter um produto de excelência a ser vendido abaixo do preço de uma qualquer água engarrafada ou de um refrigerante comum, o custo de produção não é o mesmo, nem os benefícios em termos de saúde publica.
É necessário também entender que não se pode continuar a repetir as medidas de há 20, 30 ou 40 anos. Temos de parar com isso e perceber o que queremos para o nosso leite e seus derivados bem como para todos os produtos regionais. Temos um clima excecional, um leite de pastagem, fantástico, e é preciso valorizar estes produtos. É necessário apostar nos produtos transformados, como é o caso da manteiga, que se trata de um produto que não está a ser bem explorado e que pode vir a ser uma mais-valia.
Em termos paisagísticos, aquele postal que temos para vender ao turismo, são os lavradores os grandes obreiros e cuidadores de grande parte destas verdejantes paisagens que nos rodeiam.
Por outro lado, há uma falta de mão-de-obra e a pouca motivação para atrair mais jovens para trabalhar neste sector, fruto das políticas erradas das últimas décadas com sistemas como o RSI e os programas operacionais que fazem com que o estado pague para não trabalhar ou apenas para trabalhar nos serviços estatais. Se os rendimentos dos lavradores aumentarem, também poderão pagar dignamente quem com eles trabalha nesta actividade, dura e exigente, como todos sabemos. É preciso ter, de facto, uma atenção muito particular a esta questão porque existem muitas pessoas que vivem deste sector e é importante que se assegure que vivam de forma digna.
Por tudo isto e muito mais que haveria para dizer, há que ter coragem de dar todos juntos este passo em frente no sentido de salvar este sector tão importante para a economia dos Açores. Haja esta coragem de subir o preço do leite e salvar um dos mais importantes sectores da economia açoriana.
José Pacheco
Deputado Regional do Chega nos Açores