Nós os Fascistas

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Nós os Fascistas
Crónica de José Pacheco

Que vivemos tempos muito estranhos, não temos a menor duvida. São eles de pandemia, mas também de um desespero imenso dos políticos se agarrarem ao poder com unhas e dentes, tanto a nível nacional, como nos Açores.

A verdade é que, ao fim de várias dezenas de anos, a própria sociedade começou a questionar todo o sistema, começou, digamos, a “acordar” de um sono adormecido pela oferta de uma suposta liberdade. Na prática disseram-nos: agora somos livres, deixem-se ficar quietos e sossegados que tratamos do resto. Mas não tem sido bem assim.

Ao longo dos anos foram nos impingindo uma serie de valores e agendas que pacificamente a maioria ia aceitando, mais tarde muitos começaram a questionar sobre isto e simplesmente deixaram de ir votar, com o argumento que pouco valia a pena, uma vez que o sistema estava completamente adulterado e corrompido pelos seus detentores. O que não deixa de ser verdade.

Isto leva-nos aos tempos mais recentes, talvez nos últimos dois anos de vida democrática, em que, timidamente, começaram a aparecer vozes contestatárias deste “estado de graça” e exigindo uma mudança radical e até mesmo o regresso aos valores que sempre assentou a sociedade portuguesa e muito especialmente a açoriana. Talvez a face mais visível seja a de André Ventura, mas também há outros onde humildemente me incluo.

Tão depressa se levantavam as vozes e rapidamente a esquerda unia-se numa geringonça para que nada derrubasse os seus planos, as suas agendas, as suas machadadas na democracia e nos valores essenciais desta nossa terra. Mais depressa tiveram de adjetivar estas novas vozes como “fascistas”, uma palavra que aos mais novos nada diz, mas que para os mais velhos é sinal de ditadura, falta de liberdade, opressão. Reconheço que foram espertos, mas também calcularam pouco o quanto isto poderia durar, isto porque com o acesso tão fácil à informação, qualquer pessoa hoje consegue perceber facilmente o que é ser “fascista” ou simplesmente querer mudar para melhor a sua terra. Talvez até cheguem facilmente à conclusão que vivemos sim um fascismo de esquerda.

A classe média onde se incluem os pequenos empresários, os professores, enfermeiros, policias, etc., etc., viu cada vez mais a sua vida sufocada por este poder totalitarista da esquerda, relegando esta classe para o patamar da pobreza, para um grau de exigência financeira e social de tal ordem que a única face visível do problema manifestava-se num aumento galopante da abstenção em cada acto eleitoral. A falta de segurança, a falta de respeito, até mesmo da ordem publica, começou a ser uma realidade. Drama este que começa nas forças policiais, completamente desrespeitadas pelos governantes e vai acabar nos professores, sem respeito, dignidade, isto passando pelos profissionais de saúde e de justiça, completamente desautorizados e desmotivados.
Como se não bastasse, e para assegurar o total controlo social, a esquerda levanta fantasmas como a xenofobia e o racismo, ignorando por completo os problemas localizados com certas minorias e que se Portugal fosse racista não teria o Eusébio no Panteão Nacional. Espalhou-se o medo e desordem que levou ao extremo da vandalização de patrimônio nacional. Isto claro sem falar no constante questionar sobre a Vida quer seja a que está para vir, quer a que existe, assim como os nossos valores e tradições.

Finalmente reaparece a Direita em Portugal, a verdadeira direita conservadora e com raízes na democracia cristã, a mesma que sempre existiu no ADN do nosso Povo. Não uma Direita “fascista” ou reacionária, mas antes pelo contrário, pessoas que exigem que voltemos ao melhor que sempre tivemos, mas andando para a frente. Talvez uma nova república, talvez uma nova constituição, talvez um novo tempo de esperança em que ainda é possível salvar e por ordem neste país. De experimentalismos e falsas soluções temos quarenta e seis anos de caminhada. Esta é hora de mudar com coragem, em nosso nome, mas em nome dos nossos filhos e das gerações vindouras.

Para muitos da esquerda, as minhas palavras parecem ser blasfêmias dignas de garantir um lugar na fogueira desta nova “santa inquisição”. Na verdade, não são meras palavras, mas o desabafo de muitos milhões que constituem a nossa pátria e que já esgotaram toda a sua paciência e crédito neste sistema, composto por figuras patéticas, corrosivas e altamente corruptas

E por falar em corruptos, ainda há dias alguém me questionava sobre a corrupção nos Açores, remeti-o, apenas e como primeiro passo, para a base de dados onde constam as adjudicações directas e que de lá tirasse as devidas conclusões. É um verdadeiro escândalo certos e determinados valores a que se compram as coisas, com o dinheiro dos nossos impostos, agravando-se o facto de ser sempre aos mesmos, aos amigos e afilhados do sistema. Mas poderíamos falar sobre o alimentar da preguiça com o dar RSI a torto e direito, apenas como garantia eleitoral. Uma SATA que serve mal os açorianos, mas é um buraco financeiro sem fundo e outro grande depósito de compadrios. E se todos pensarmos um pouco, vamos lembrar de muitos e muitos exemplos de favorecimentos, de pagamentos de favores políticos ou apenas o simples facto que o sol nasce apenas para alguns, de preferência de cor rosa ou similar. Curiosamente, como em tudo mais, até nestas mudanças aparece sempre o espertalhão, o oportunista do momento, aquele que até já andou a “mamar” do sistema, que agora é o paladino contra o mesmo. Mas destes sempre houve, fosse em que época fosse, e sociedade sempre soube lhes dar um bom pontapé no traseiro. Quando seca a teta há que procurar outra mesmo que na vaca do vizinho.

A verdade é que se adivinham tempos muito difíceis, uma crise sem precedentes na nossa história. Será talvez a altura certa para nos questionarmos se vale a pena estar quieto ou correr fortemente com toda esta escumalha e começarmos a arrumar a nossa casa. Gostaria de ser mais otimista, mas preferem a verdade ou viver mais tempo numa mentira?

Finalmente, esta coisa de nos chamarem “fascistas” passou a ser peça de humor porque na verdade somos aqueles que vamos mudar isto tudo, mas para melhor. Vai uma aposta?

Haja saúde e muita coragem! Chega!

José Pacheco