A POLÍTICA DO PÃO E CIRCO!

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Na Roma Antiga, quando o Império estava na iminência do colapso, o imperador convocava jogos: lutas de gladiadores, corridas de carros, caçadas… tudo servia para entreter e distrair o povo, desviando a atenção das derrotas militares ou dos abusos do poder. O povo deixava-se iludir e, com a barriga cheia, lá ia desculpando os desmandos e a má governação. Era a época do famoso “pão e circo” – ou, na palavra original, panem et circenses.
Para compreender o presente, é necessário revisitar a história. O que vemos hoje nas campanhas de alguns partidos é uma recriação desse circo romano. São selfies nas touradas, copos de cerveja e bifanas na mão, pancadinhas nas costas do povo e a tentativa desesperada de transformar candidatos fracos em estrelas de cinema. Assistimos até a governantes a discursar em festas populares, em nome do Governo, enquanto as estradas e as canadas permanecem num estado lastimável. Mas isso não interessa: o que interessa é colar-se ao povo. Povo contente é povo subserviente. E nada melhor do que uma anestesia – neste caso, umas caixas de cerveja – para aguentar a dor.
Outros candidatos, em vez de se limitarem ao ritual circense, percorrem freguesia a freguesia, beijando velhinhos, tirando selfies com candidatos às juntas e encenando uma espécie de peregrinação messiânica. Tudo para tentar convencer o povo de que são “as pessoas certas” para governar a autarquia. O povo é levado a acreditar que, quando o seu processo de licenciamento estiver parado há anos à espera de um parecer, esses candidatos serão os tais que darão o “murro na mesa” e farão tudo andar. Mas a realidade demonstra o contrário: nas autarquias é preciso mão firme e coragem – não “Madres Teresas de Calcutá”.
A bonança acabará em tempestade. E essa tempestade já chegou: uma crise que abala profundamente os Açores. Autarquias falidas, um Governo Regional paralisado e atolado em dívidas, a SATA a arrastar os Açorianos para o abismo, transportes em colapso, turismo em retração e até prateleiras de supermercados a ficarem vazias porque os navios não chegam. Para agravar, temos um Governo da República que não quer saber dos Açores e um Presidente da República que insiste em não terminar o seu mandato com a dignidade que o cargo exige.
É urgente que o povo reflita seriamente sobre esta forma de fazer política, que mais não é do que enganar as pessoas. Há 50 anos que andamos nisto: sempre os mesmos protagonistas, as mesmas mentiras, as mesmas manipulações. Cada novo ciclo eleitoral é desperdiçado. Em vez de se fazer um verdadeiro reset ao sistema e corrigir os erros do passado, o que se faz é herdar vícios antigos e acrescentar outros novos – sempre em nome de uma política vazia, feita de aparências, para servir os mesmos de sempre.
Com as redes sociais, o que importa já não é fazer, mas sim parecer que se faz. A imagem vale tudo, o conteúdo não interessa. Programas eleitorais não servem para nada: ninguém os lê e os próprios governantes não os levam a sério.
Nunca esteve tão atual a célebre frase de Marcelo Caetano, muito estimada pelo nosso atual Presidente da República, que a segue todos os dias: “Em política, o que parece é.”
E O POVO PÁ?

Francisco Lima
Deputado e Vice-Presidente do CHEGA Açores
Candidato pelo CHEGA à Câmara Municipal da Praia da Vitória