Como cidadão açoriano e responsável político, não posso calar a minha crescente inquietação com a situação insustentável da SATA Internacional (atualmente Azores Airlines). Os números falam por si: 71,2 milhões de euros de prejuízo só em 2024, quase o triplo do registado no ano anterior. Isto ultrapassa um simples problema de gestão: é uma ameaça direta ao erário público e uma afronta aos contribuintes açorianos.
Tenho sido claro e coerente ao chamar esta companhia de “buraco sem fundo”. E não retiro uma palavra. O que está em causa é a irresponsabilidade de continuar a despejar milhões de euros numa estrutura que, ano após ano, acumula prejuízos, enquanto áreas essenciais como a saúde, a educação ou a habitação continuam a gritar por investimento.
Ninguém contesta a importância estratégica da conectividade aérea, é vital para a coesão regional. Mas a pergunta impõe-se: qual o verdadeiro custo desta operação para os Açorianos? E mais ainda: vale a pena continuar a sustentar esta companhia nos moldes atuais?
É tempo de agir com responsabilidade e coragem política. Defendo que devemos acelerar a privatização da SATA Internacional, com critérios rigorosos, total transparência e salvaguardas laborais e operacionais. Se esse caminho falhar, só resta uma alternativa: declarar a insolvência da companhia. Não por capricho, mas por necessidade de salvar o que ainda pode ser salvo, nomeadamente a SATA Air Açores, que assegura a ligação vital entre as nossas nove ilhas.
A dívida acumulada do grupo SATA já ultrapassa os 465 milhões de euros, reflexo de anos de decisões políticas erradas e de promessas nunca cumpridas. A privatização, anunciada há mais de dois anos, continua atolada em burocracia e falta de liderança.
Não podemos continuar a romantizar o insustentável. O tempo dos discursos acabou. É preciso encarar a realidade sem rodeios: a SATA Internacional, como está, não serve os interesses da Região.
Cada euro perdido nesta companhia é um euro que falta onde faz realmente falta. Saúde, educação, habitação, infraestruturas, estas sim, prioridades reais.
Chegou a hora de decidir. Ou reformamos com coragem, ou deixamos a SATA arrastar consigo todo um setor público regional. O silêncio e a inação são cúmplices deste desastre anunciado.
Haja coragem. Haja responsabilidade. Haja ação.
José Pacheco
Presidente e Deputado do CHEGA Açores




