CULTURA WOKE | UM LOBO EM PELE DE CORDEIRO

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Muitos têm lido, visto ou ouvido falar sobre a chamada “cultura woke”. Esse conceito tem provocado um aceso debate, mesmo que a maioria não compreenda totalmente o que se discute ou o que realmente significa.

Afinal, o que é essa cultura woke? Originalmente, esse fenómeno social surgiu como um movimento de conscientização sobre injustiças sociais. O termo “woke” passou, com o tempo, a abranger uma série de ideias e comportamentos que, em nome da “justiça social”, acabaram impondo um novo tipo de censura, limitando o debate e promovendo, muitas vezes, intolerância e polarização.

No início, acredito que a cultura woke ambicionava defender uma causa nobre, como a luta contra o racismo, o machismo, a homofobia e outras formas de discriminação. Até aqui, tudo bem; também defendo o fim dos preconceitos sociais, raciais etc.

No entanto, com o passar do tempo, a boa intenção foi distorcida, e o movimento adoptou uma postura dogmática e punitiva. Em vez de promover o diálogo e a conscientização, a cultura woke tende a cancelar, julgar e silenciar qualquer voz que questione as suas narrativas ou padrões, criando uma verdadeira “caça às bruxas” moderna.

Um dos pontos críticos dessa nova cultura é o uso excessivo e, muitas vezes, irresponsável das redes sociais para expor e punir publicamente pessoas e instituições que supostamente vão contra os seus valores. Movimentos de “cancelamento” em maça têm sido frequentes, e figuras públicas têm as suas carreiras arruinadas por atitudes ou declarações passadas, muitas vezes retiradas de contexto. O problema é que, ao focar nos cancelamentos, o movimento não oferece oportunidades para uma evolução consciente, mas sim uma cultura de medo, onde qualquer erro do passado pode custar caro no presente.

Outro aspecto problemático é o radicalismo nas definições de “correcto” e “errado”. A cultura woke começa a ditar o que é aceitável ou não na sociedade, impondo uma nova moral baseada em um suposto “bem maior”, mas sem espaço para a diversidade de opiniões e a complexidade das questões. Muitas pessoas e empresas, por medo de represálias, acabam adoptando discursos “politicamente correctos”, o que cria uma cultura de hipocrisia, onde a ilusão de uma participação activa é valorizada mais do que mudanças reais e profundas.
A educação também tem sido fortemente impactada. Em nome da “protecção” dos estudantes contra conteúdos considerados ofensivos, muitas escolas e universidades passaram a adoptar uma postura de censura, eliminando obras, ideias e autores clássicos que podem ser considerados “ofensivos” ou “problemáticos”. Esse tipo de postura limita o pensamento crítico, pois impede o acesso a uma diversidade de perspectivas e promove uma visão de mundo única e limitante. Em contrapartida, são adoptados conteúdos que os woke impõem como “correctos”.

Outra questão levantada é a prioridade dada à identidade individual em detrimento das competências ou da experiência. Em concursos, por exemplo, pode haver um foco maior na representatividade de grupos específicos, o que pode prejudicar uma avaliação objetiva baseada no mérito ou nas qualificações. Dessa forma, indivíduos pertencentes a determinadas minorias poderiam ter prioridade sobre outros candidatos com maior mérito, qualificação ou experiência. Faz sentido essa abordagem?

Defender uma sociedade justa e inclusiva é, sem dúvida, necessário e importante. No entanto, a imposição de uma cultura que recusa o debate e a pluralidade de opiniões em prol de uma suposta “pureza moral” coloca em risco valores fundamentais, como a liberdade de expressão, o pensamento crítico e a tolerância. A cultura woke, quando usada para julgar e silenciar, promove o extremismo e a polarização, não a inclusão e a empatia que inicialmente desejava.

Portanto, é urgente questionarmos o caminho que esse movimento tomou, para que o ideal de justiça social não se perca em um autoritarismo disfarçado de virtude. Trata-se de ditaduras em vários formatos e cores.

Em vez de cancelarmos vozes divergentes, devemos promover uma sociedade aberta ao diálogo, onde diferentes perspectivas possam coexistir e onde a verdadeira inclusão ocorra pelo respeito e pela compreensão, não pela censura e pelo medo.

Mas engana-se quem acha que a cultura woke existe apenas em algum recanto sombrio. Nada mais errado, pois essa cultura invadiu os meios de comunicação social, tradicionais e modernos, para impor a sua “moral”. Basta estarmos atentos à forma como as notícias nos são apresentadas, aos comentadores escolhidos a dedo e até aos próprios jornalistas, que assumem o papel de analistas quando deveriam se limitar à transmissão da informação, como diz o código deontológico. Um exemplo recente foram as eleições nos EUA, onde houve uma clara manipulação de informações a favor de uma candidata e contra o outro. Mas o carma é sempre complicado, e acabou vencendo quem eles não queriam: Trump.

Por cá, temos figuras como Miguel Sousa Tavares e alguns outros que tentam, a todo o custo, doutrinar a nação, mas acabam encontrando “desalinhados” como eu para combater esse absurdo.

Concluindo, uma minoria de pseudo-intelectuais apropriou-se de bandeiras que todos concordamos serem válidas para depois impor a sua “verdade”. Assim, temos aqui claramente um lobo em pele de cordeiro. Estamos perante a “radicalização” de uma ideia originalmente positiva, que se transformou em sinônimo de algo negativo. Poderia enumerar muitos exemplos, mas desafio-os a refletirem sobre os conceitos de Família, ou até mesmo de Masculino e Feminino, à luz do que defende a cultura woke. Depois, contem-me a que conclusões chegaram.

Haja saúde!

José Pacheco
Presidente e Deputado do CHEGA Açores

 

 

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