Errar é humano, mas persistir no erro, é diabólico. Isto a propósito da implementação nos Açores dos manuais digitais.
Numa altura em que é preocupante o uso abusivo e excessivo da tecnologia pelos jovens, não se compreende como se implementa uma medida que poderá aumentar, ainda mais, esta dependência da tecnologia nos jovens.
Que fique claro, não sou contra que se usem tablets, computadores ou telemóveis, o que entendo é que esta utilização deve ser feita de forma responsável, salvaguardando-se o tempo de utilização e os locais onde esta mesma tecnologia deve ser utilizada.
Já há escolas que estão a proibir os telemóveis nos recintos escolares. Saúdo quem teve a coragem de tomar esta iniciativa, esperando que outros estabelecimentos de ensino da Região sigam o exemplo e façam o mesmo.
Sobre a introdução dos manuais digitais nas escolas, tornando os tablets no recurso principal dentro da sala de aula, dizem-nos as notícias e as experiências que vêm de fora, que não é a melhor medida.
Na Suécia e na Noruega, os professores estão a regressar aos manuais em papel, recuando no digital, defendendo que os manuais físicos “são importantes para a aprendizagem dos alunos”.
Temos de proteger os nossos alunos, jovens e crianças, das distrações associadas aos dispositivos electrónicos.
Por cá, a maioria dos alunos revelou que preferiam não continuar a utilizar o tablet na sala de aula, alegando muitas desvantagens. Se formos a colocar na balança vantagens e desvantagens, rapidamente se vê que são mais as desvantagens do que as vantagens.
O papel deve continuar a ser o recurso essencial e privilegiado no processo educativo. Isso mesmo é defendido por vários especialistas em saúde e educação, professores, alunos, pais e encarregados de educação que se têm mostrado muito insatisfeitos com a introdução dos manuais digitais nas escolas.
Por muito que estes dispositivos já estejam enraizados no nosso quotidiano, como estão, é inegável, os mesmo não podem agora, pertencer às salas de aulas.
Quando países como a Suécia e a Noruega já recuaram nesta medida, reconhecendo, efectivamente, que os resultados desta medida não surtiram nos efeitos desejados, tendo mesmo alcançado resultados menos bons nos testes PISA, continuo sem entender, que numa Região como a nossa, onde, bem sabemos, os níveis de literacia estão muito longe dos de muitos países da Europa e onde a Região ocupa as piores posições relativamente ao país, se mantém este propósito.
O papel deve ser o recurso essencial e privilegiado no processo educativo. Que não se retirem os livros das salas de aula.
Olivéria Santos
Deputada do CHEGA Açores




