ASSOCIAÇÕES FILARMÓNICAS: IDENTIDADE DE UM POVO

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Já há alguns anos que muitos pais, especialmente nos centros urbanos, e onde existem, colocam os seus filhos nos conservatórios de música. O que mais desenvolvem nestas escolas de música são o estudo de canto, piano, o violino, flauta ou guitarra. Nas localidades ditas mais rurais, ou em cidades onde não existem estas escolas de música, qual a opção? São e sempre foram as Filarmónicas locais. São estes agrupamentos que sempre desempenharam o papel de uma primeira apresentação da música às crianças e também aos adultos.
São «Escolas da Vida». No Concelho da Ribeira Grande existem 8 bandas filarmónicas formalizadas. A Sociedade Filarmónica Triunfo, da freguesia Matriz, é a mais antiga, fundada ainda no séc. XIX.
Muito mais do que agrupamentos musicais, são escolas de cidadania, tradição e identidade comunitária. Quem nunca, numa festa, num arraial, numa procissão, não se identifica com a «Sua» Filarmónica? Embora, por exemplo, não sejamos músicos, quanto vemos a Filarmónica Aliança dos Prazeres da minha freguesia do Pico da Pedra, é a «minha banda, os nossos músicos». É realmente um sentimento de identidade local.
De formação gratuita, nas Filarmónicas aprende-se disciplina, trabalho, responsabilidade e orgulho na sua terra. Não existem nestas associações origens sociais, mais ou menos escolaridade e a idade de cada um é apenas um número. Levam o nome da sua Freguesia e do Concelho mais longe, além-fronteiras. A entrega que dirigentes e músicos dão a estas Filarmónicas é única. Dão sem obter nada em troca, a não ser a valorização da sua Filarmónica, da sua terra.
As Filarmónicas são o pilar da vida cultural nas freguesias transmitindo educação, formação e respeito pelo próximo. Ali não há individualidades, há grupo.
Como é possível deixar-se estas Filarmónicas muitas vezes sem local digno para praticar?
Como é possível haver sedes minúsculas, onde têm de fazer um esforço para caber, por exemplo como acontece na Aliança dos Prazeres, cerca de cinquenta músicos num espaço mínimo? É mesmo muita força de vontade e amor à terra.
Gastam-se milhares de euros, milhares, em festivais que beneficiam só alguns, e com mais um pouco se poderia aumentar a qualidade das sedes, dos instrumentos e dar mais impulso a estas associações que são o principal meio de inclusão social e são, tradição!
Com a nossa candidatura, as Filarmónicas não ficarão esquecidas. Elas terão um papel ativo na cultura do Concelho da Ribeira Grande, principalmente no período pós Verão.
A cultura passa incondicionalmente pelas Filarmónicas. São identidade de um Povo. E isso, nunca se poderá perder!

João Luís Rodrigues da Câmara
Pico da Pedra, Agosto de 2025