TER CASA: DIREITO OU LUXO?

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Durante décadas, ter uma casa própria foi um sonho possível para a maioria das famílias açorianas. Com esforço, trabalho e alguma contenção, os nossos pais e avós conseguiam comprar um terreno, construir uma casa ou até adquirir um apartamento modesto. Era difícil, mas era possível.

Hoje, essa realidade mudou drasticamente. Ter uma casa deixou de ser um direito acessível para se tornar um privilégio reservado a poucos.

Uma família com dois salários já não consegue, na maioria dos casos, aceder à habitação própria. Jovens casais, trabalhadores dedicados, que todos os dias contribuem para a sociedade, continuam a viver na casa dos pais por não conseguirem pagar uma renda ou comprar uma casa. E quando conseguem arrendar, fazem-no em condições precárias, com custos que consomem grande parte do seu rendimento mensal.

Estamos a formar uma geração aprisionada na precariedade habitacional, uma geração que olha para o futuro com medo, sem esperança, e sem perspetivas reais de autonomia.

Esta situação não pode, nem deve, ser normalizada. Ter uma casa não pode ser tratado como um luxo. É, acima de tudo, um direito humano fundamental. Um pilar da dignidade, da estabilidade e da construção de uma vida com futuro.

Mais do que nunca, é urgente colocar a política ao serviço das pessoas. É tempo de defender quem cá vive, quem cá trabalha, quem paga impostos e cria os seus filhos nos Açores.

Defender a habitação é defender a família, a natalidade, o emprego, a economia local e a fixação das nossas gerações na terra que amam.

Porque quando o direito à casa desaparece, desaparece também o direito ao futuro.

Paula Valadão