O VENENO DAS REDES SOCIAIS

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Atrás de um computador, qualquer pessoa se sente no direito de opinar, escrutinar, julgar e adjectivar como bem entende, sem que nada lhe aconteça.
Criado originalmente para conectar pessoas, o Facebook, nos últimos anos, tem servido de arma de arremesso para quem, não tendo a coragem para o fazer cara a cara, se sirva desta ferramenta para dizer o que bem lhe apetece de uma forma atroz, ofensiva e sem qualquer educação.
Há quem esteja a confundir liberdade com libertinagem e sob o argumento da liberdade de expressão, ataca de forma vil e pessoal quem lhe apetecer.
São muitas as pessoas, figuras públicas ou não, empresas e/ou situações que são alvo da atenção destes cibernautas que utilizam esta ferramenta para discursos de ódio, desinformação e comentários agressivos que degradam o diálogo público.
Isto não é liberdade de expressão e tão pouco democracia, pois quando se ataca, se acusa sem provas, se adjectiva e se entra no campo pessoal de cada cidadão, o que se está a fazer é a cometer crimes, mas sem que a pessoa que o faz, seja punido. Aliás, tais atitudes até enfraquecem o próprio conceito de democracia, que pressupõe o diálogo e a escuta activa.
A facilidade de comentar em tempo real, o suposto anonimato e esta sensação de impunidade criaram um ambiente onde muitos se sentem autorizados a ofender, ameaçar e ridicularizar, sentindo mesmo que têm toda a legitimidade para o fazer, mas não têm!!.
Estes comentários agressivos no Facebook reflectem não apenas a intolerância crescente na nossa sociedade, mas também a falta de empatia e a dificuldade em lidar com opiniões divergentes. O espaço que poderia promover debates saudáveis é ocupado por ataques pessoais, ironias maldosas e julgamentos apressados. Não podemos todos gostar do amarelo, mas também não podemos condenar e crucificar quem gosta do branco, do vermelho ou qualquer que seja a cor.
Também a falta de respeito gritante e a falta de empatia pelos cidadãos são bem visíveis em publicações, com fotos, por exemplo, de acidentes, muitos deles graves e com perdas de vidas humanas, sem qualquer respeito pelos envolvidos, pelas famílias e pelo direito à privacidade de cada um. Sim, as pessoas têm direito à sua privacidade que é totalmente violada, sem punição, nas redes sociais.
Precisamos, com urgência, de educação digital, de moderação eficaz das plataformas e, principalmente, responsabilidade individual. Este tipo de atitude, não pode continuar a passar impune.

Olivéria Santos
Deputada do CHEGA na ALRAA