Site icon CHEGA Açores

O REGRESSO DE BOLIEIRO!

Podia ser o título de um filme de ficção barata, mas não é. A menos de dois meses das autárquicas, acordamos e zás: eis que o presidente Bolieiro aparece em cartaz em cada esquina da Terceira. Há fotos dele por todo o lado, até no meio das ervas daninhas que crescem livres nas bermas das estradas — uma metáfora perfeita para a governação que lidera: desleixada, descuidada e a precisar de roçadora.

Na política, a encenação é ainda mais grotesca. Bolieiro, em pose de rei descido do Palácio de Santana, resolveu meter-se na campanha para tentar salvar as autárquicas. Afinal, quando os candidatos são fracos, quando a “primeira linha” do partido desertou, resta o chefe para segurar a carruagem. A imagem conta, as propostas não interessam: é o marketing a substituir a política.

Mas atenção: Bolieiro, convencido de que empresta força, pode muito bem estar a colar-se a uma série de desastres eleitorais. O Governo está gasto, os sinais de saturação são evidentes e o povo já não se deixa enganar por cartazes sorridentes. Em vez de aliviar a pressão e pôr os parceiros da coligação à prova, preferiu o papel de mártir seminarista: carregar sozinho a cruz, expor-se nas paredes e assumir as derrotas que aí vêm.

Quem o aconselhou a dar a cara desta maneira deve ser fã de tragédias gregas. Porque ir a uns jantares e sorrir para a fotografia ainda passa. Mas pôr a própria cara como escudo de candidatos sem chama é um convite ao ridículo. Bolieiro arrisca-se a sair destas autárquicas com a imagem tão gasta quanto os cartazes que reciclou da última campanha — um gesto até simpático para o ambiente, mas que simboliza na perfeição esta governação: velha, cansada, sem brilho e, agora, em segunda mão.

Francisco Lima
Deputado e Vice-Presidente do CHEGA Açores

Exit mobile version