Há uns dias, em jeito de desabafo, comentava que não consigo compreender como ainda se continua a abandonar animais, principalmente no período das férias de Verão.
Enquanto para muitas famílias esta altura do ano é sinónimo de férias, descanso e lazer, para centenas de animais esta estação representa um período sombrio: o abandono.
Todos os anos, e este ano, infelizmente, não está a ser excepção, com a chegada das férias, cresce significativamente o número de cães e gatos que são deixados para trás pelos seus donos, os mesmos que os deviam proteger, alimentar e cuidar. Uma prática cruel que, para além de ser um crime previsto por lei, revela uma alarmante falta de empatia, responsabilidade e compromisso.
Os motivos para este abandono são os mais variados, ora porque o tutor não tem com quem deixar o animal de estimação quando precisa se ausentar, ora porque os custos e a burocracia de os levarem em viagem consigo são excessivos, ou simplesmente porque deixaram de ter “paciência” e se cansaram do que envolve cuidar de um ser vivo. Justificações que me deixam apreensiva e triste por ainda existirem pessoas que, sem mais nem menos, são capazes de abandonar um animal indefeso, muitas vezes em estradas, no mato, ou até mesmo em canis e gatis, já de si, lotados.
Confesso que não sou pessoa para ter animais de estimação. Quem me conhece sabe que não o faço por variados motivos, mas os principais prendem-se com o facto de eu saber que ter um animal ao meu cuidado envolve muita dedicação, disponibilidade e atenção a qualquer que seja o animal. Então, uma vez que, neste momento, não reúno estes requisitos, opto por não ter, em vez de o ter e não o cuidar em condições.
A questão que hoje levanto, não é nova, mas ainda persiste na nossa sociedade e, por este motivo, entendo que importa voltar a falar no assunto, como forma de sensibilização para que não o façam ou, apenas, para fazer pensar quem o faz ou está a pensar fazê-lo.
Os animais não são objectos descartáveis.
Como sociedade, precisamos repensar as nossas atitudes. Adoptar um animal é assumir um compromisso de longo prazo. Quando se planeiam férias, viagens, fins-de-semana fora de casa, ou qualquer outro compromisso, até profissional, isso deve ser feito com responsabilidade, tentando encontrar alternativas como hotéis para animais de estimação, cuidadores ou até mesmo levar o animal consigo sempre que possível.
O Verão pode e deve ser uma estação de alegria para todos – inclusive para os animais.
Olivéria Santos
Deputada do CHEGA Açores

