Nas profundezas do solo açoriano existe uma fonte de energia limpa, estável e ininterrupta. A geotermia, presente naturalmente no nosso território, representa uma oportunidade estratégica inestimável para garantir a segurança energética da Região Autónoma dos Açores, promover a sustentabilidade ambiental e reduzir significativamente os custos associados à produção de eletricidade, algo que se deve refletir na fatura energética que chega a casa de cada açoriano.
Num tempo em que a instabilidade dos mercados internacionais de energia impõe riscos crescentes, persistir na dependência de combustíveis fósseis importados é não apenas insustentável, mas economicamente irracional. Continuar a aguardar navios-tanque enquanto o calor do subsolo fervilha sob os nossos pés é um paradoxo que já não podemos permitir.
A ilha de São Miguel é, hoje, um exemplo de inovação energética: cerca de 42% da sua eletricidade provém de fontes geotérmicas. Este dado, embora extraordinário, permanece subvalorizado no debate público e político. É tempo de mudar essa perceção. A geotermia deve deixar de ser exceção e tornar-se o pilar de uma política energética regional moderna, responsável e autónoma.
Expandir esta tecnologia às restantes ilhas não é somente viável, é uma decisão estratégica que assegura e com uma valorização dos recursos naturais próprios, com benefícios sociais, ambientais e económicos de longo prazo.
Investir na geotermia não é um luxo, é uma prioridade. Representa um compromisso com as futuras gerações e uma afirmação de soberania energética num arquipélago que tem nas suas origens vulcânicas um potencial de inovação raro e valioso.
Os Açores têm tudo para liderar, nacional e internacionalmente, uma transição energética exemplar, baseada em fontes renováveis, de proximidade e baixo impacto ambiental. Este caminho exige visão, coragem e responsabilidade, atributos que devem orientar a ação pública.
É chegado o momento de agir com determinação. A energia limpa que tanto procuramos encontra-se aqui, ao nosso alcance. Que não sejamos recordados como a geração que hesitou, mas como aquela que teve a lucidez de transformar o que sempre esteve presente num verdadeiro motor de progresso e sustentabilidade.
Está nas nossas mãos. Precisamos desta mudança, e só com audácia e consciência a vamos concretizar. Já CHEGA de depender de fora. A energia limpa e acessível está mesmo aqui, à nossa espera.


